Dos 68 mil hectares identificados com retirada de madeira, 42 mil foram explorados de forma ilegal.
O levantamento, realizado anualmente pela Rede Simex — composta por ICV, Imaflora e Imazon — utiliza imagens de satélite e o cruzamento com autorizações oficiais para monitorar a atividade no estado. Em comparação com o período anterior (agosto/2022 a julho/2023), quando 38 mil hectares foram explorados irregularmente, houve um aumento de 9%.
A pesquisadora Camila Damasceno, do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, classificou o avanço como “extremamente preocupante”. Segundo ela, além de financiar outros crimes ambientais, como queimadas e desmatamento, a extração ilegal prejudica o setor madeireiro que atua dentro da lei, gerando empregos e arrecadação por meio do manejo florestal sustentável.
A exploração autorizada, por outro lado, apresentou forte crescimento: passou de 11,3 mil hectares para 26,1 mil hectares no período analisado, uma alta de 131%.
Municípios campeões da extração ilegal
Dois municípios do sul do Amazonas concentram 75% de toda a atividade irregular: Boca do Acre, líder do ranking, com 20,5 mil hectares, e Lábrea, com 10,9 mil hectares. Ambos estão inseridos na região conhecida como Amacro — área de expansão agropecuária na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia.
Segundo Damasceno, a retirada ilegal de madeira nesses municípios pode indicar avanço futuro do desmatamento para grilagem e produção de grãos e gado, reforçando a necessidade de intensificar a fiscalização e impedir que produtos ilegais cheguem ao mercado.
Invasão de áreas protegidas
A pesquisa também identificou que 13% da exploração ilegal (5,6 mil hectares) ocorreu dentro de áreas protegidas:
- 9% em terras indígenas (3,9 mil hectares)
- 4% em unidades de conservação (1,6 mil hectares)
Apesar de representar uma redução de 19% em relação ao levantamento anterior, o volume ainda equivale a mais de 5 mil campos de futebol derrubados em áreas de proteção.
A presença de invasores nessas regiões, destacou a pesquisadora, coloca em risco a sobrevivência de povos indígenas e comunidades tradicionais que dependem diretamente da floresta em pé.
Risco em imóveis rurais e florestas públicas
A maior parte da retirada ilegal — 32,5 mil hectares (77%) — ocorreu em imóveis rurais registrados em bases como o CAR, Sigef e Terra Legal. Para o Imazon, isso demonstra que o poder público dispõe de dados suficientes para intensificar a fiscalização e aplicar punições.
Outro ponto de atenção são as Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), responsáveis por 3,3 mil hectares (8%) da atividade irregular. Essas áreas pertencem à União, estados ou municípios, mas ainda não tiveram seu uso definido como terra indígena ou unidade de conservação.
Para o instituto, destinar essas áreas de forma oficial e protegida é uma medida urgente para preservar o patrimônio público e ambiental do Amazonas e do país.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






