Vereador mais votado de Manaus, Sargento Salazar é acusado de homicídio pelo MPAM

O vereador e sargento da Polícia Militar do Amazonas, Alexandre da Silva Salazar (PL), é acusado pelo Ministério Público do Amazonas de homicídio após um incidente em 2019, quando, segundo denúncia publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (21/01), ele teria dado seis tiros em um homem envolvido em um roubo a mão armada em um ponto de ônibus em Manaus, enquanto estava de folga.

Salazar, que foi eleito vereador com 22.594 votos, ficou conhecido por compartilhar vídeos de sua rotina policial nas redes sociais. Ele recebeu o apoio de Pablo Marçal (PRTB) durante sua campanha. Em setembro de 2024, um inquérito militar concluiu que o vereador cometeu abuso de autoridade e transgressão de disciplina ao divulgar imagens de uma detenção em suas redes.

O vereador, ao ser procurado para comentar as acusações, afirmou que havia sido inocentado em processos anteriores nos quais foi citado. Ele também disse que se defenderia publicamente em suas redes sociais e ameaçou processar o jornal caso fosse divulgada informação falsa. O advogado de Salazar, identificado apenas como Carioca, declarou que “o profissional que trabalha na rua está fadado a ter processos”.

Segundo a denúncia, o caso teria ocorrido uma semana após sua eleição. Na ocasião, Salazar, que estava em seu carro e não usava uniforme, teria visto um homem armado roubando a bolsa de uma mulher e, posteriormente, fugindo com um cúmplice que pilotava uma moto. O vereador então iniciou uma perseguição e, após colidir com a moto, derrubando os dois suspeitos no chão, desceu do carro e começou a correr atrás deles, disparando contra os dois. Um dos homens, Felipe Kevin de Oliveira Costa, de 27 anos, morreu, enquanto o outro conseguiu fugir.

Imagens de câmeras de segurança, segundo o jornal, mostram o momento em que o carro de Salazar atropela a moto com os dois suspeitos. Durante seu depoimento, o sargento afirmou que agiu em legítima defesa, alegando que o carona da moto havia atirado contra ele durante a perseguição e que, após a queda da moto, o homem teria disparado novamente. Salazar não se lembrava, no entanto, de quantos tiros havia dado.

Entretanto, a investigação, conforme a Folha, indica que Felipe Kevin não era o assaltante armado e que não houve troca de tiros, como relatado por Salazar. Além disso, nenhuma arma foi encontrada no local, e a vítima do assalto, a mulher, afirmou que o homem morto não era o responsável pelo roubo. As imagens de segurança indicam que o carro de Salazar e a moto seguiram por caminhos distintos antes da colisão. Questionado sobre a discrepância em suas declarações, Salazar, por meio de seu advogado, afirmou que “a arma estava com o fugitivo”, o que contradiz seu depoimento anterior, e não explicou o motivo de não ter se dirigido à delegacia no dia do ocorrido.

Este caso é um dos 24 processos nos quais o vereador foi citado desde 2009, a maioria deles relacionados a crimes militares, abuso de autoridade e, ao menos, três homicídios. De acordo com dados fornecidos pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, 17 desses processos já não estão mais em trâmite, sendo quatro por prescrição, seis por absolvição e sete arquivados, principalmente por falta de provas. Os outros sete ainda estão em andamento.

A defesa de Salazar, por sua vez, argumenta que apenas quatro dos processos ainda são ativos. O advogado do vereador afirmou que, devido à natureza de seu trabalho na rua, a quantidade de processos não é relevante, já que ele nunca foi condenado. Ele também forneceu uma lista com 45 elogios recebidos por Salazar de superiores.

A Polícia Militar do Amazonas foi procurada para comentar sobre eventuais procedimentos administrativos abertos contra Salazar, mas não respondeu. A corporação informou que “os trâmites seguem os prazos e procedimentos legais” e que o sargento foi transferido para a reserva assim que foi diplomado vereador.

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