A Petrobras deu mais um passo rumo à perfuração do primeiro poço em águas ultraprofundas na Foz do Amazonas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovou o plano de emergência da estatal para o bloco FZA-M-59, localizado a 175 km da costa do Amapá. Com isso, a expectativa é que a licença ambiental definitiva seja emitida nos próximos dias — um avanço estratégico para o desenvolvimento da chamada Margem Equatorial, nova fronteira energética do país.
O parecer favorável do Ibama foi emitido nesta quarta-feira (24), mas com algumas exigências: a Petrobras deverá ajustar o plano de proteção à fauna, reforçando os protocolos em caso de vazamentos e garantindo a resposta rápida e eficaz diante de possíveis impactos ambientais.
Segundo o órgão ambiental, o plano foi considerado robusto, mesmo diante dos desafios logísticos e climáticos da região. O simulado de emergência, que durou quatro dias, mobilizou cerca de 400 pessoas, seis embarcações de contenção de óleo, outras seis para resgate de fauna, além de três aeronaves e dois centros de atendimento a animais oleados — um em Belém (PA) e outro em Oiapoque (AP).
O poço, batizado de Morpho, será perfurado em uma lâmina d’água de 2.800 metros, o que o coloca entre os mais profundos do Brasil. Será o primeiro da bacia da Foz do Amazonas, região conhecida por sua alta sensibilidade ambiental, rica em manguezais e biodiversidade marinha, com papel essencial na retenção de carbono.
IMPACTO REGIONAL
A exploração de petróleo na Margem Equatorial tem gerado debates acalorados. De um lado, ambientalistas alertam para os riscos ecológicos na costa amazônica; de outro, autoridades da região veem na iniciativa uma oportunidade de desenvolvimento econômico.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), celebrou a aprovação. “Foram anos de espera. Essa riqueza é do Brasil, mas também é do povo do Amapá. Cada conquista é resultado de muito esforço e de quem acredita no futuro dessa terra”, afirmou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também reforçou o posicionamento do governo. “Não podemos abrir mão das riquezas do subsolo brasileiro, principalmente em um momento em que o mundo ainda precisa do petróleo para garantir segurança energética.”
A Petrobras prevê entregar o plano revisado até sexta-feira (26) e aguarda a emissão da licença ambiental para iniciar a perfuração exploratória. O objetivo é confirmar a existência de petróleo na região, o que pode representar uma guinada econômica não apenas para o Amapá, mas para toda a Amazônia Legal.
O QUE ESTÁ EM JOGO
A bacia da Foz do Amazonas faz parte da chamada Margem Equatorial Brasileira, um extenso território marítimo que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Especialistas apontam que essa região pode conter grandes reservas de petróleo e gás, comparáveis às encontradas em países africanos como Gana e Guiana.
Para a Petrobras, esse avanço é estratégico. A companhia afirma estar comprometida com os padrões de segurança ambiental e com a transição energética, mas vê na Margem Equatorial uma oportunidade de garantir o abastecimento energético do país nas próximas décadas.
Por Erike Ortteip, da Redação da Jovem Pan News Manaus