O Radar 98, apresentado por Álvaro Campelo, abriu a semana com uma conversa necessária e sensível sobre um tema que, embora afete milhões de pessoas, ainda é cercado por preconceitos: a depressão. Nesta segunda-feira, 6, a entrevistada foi a médica psiquiatra Alessandra Pereira, fundadora da clínica VivaMente Saúde Integral, que há mais de 25 anos atua ajudando pacientes a superarem transtornos mentais e a alcançarem equilíbrio emocional e qualidade de vida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas convivem com depressão no mundo. No Brasil, a doença atinge 5,8% da população, o equivalente a 11,5 milhões de brasileiros, sendo o país com maior prevalência da América Latina. Ainda assim, dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) revelam que mais de 70% dos brasileiros com depressão não recebem tratamento — um cenário que reforça o alerta da especialista.
“Mais de 20% das pessoas têm sintomas depressivos leves, moderados ou graves. E muitas delas já pensam em não viver mais. Esse é um assunto muito importante, porque a maioria, por não querer ser vista como ‘louca’, evita procurar um médico psiquiatra. É fundamental que essas pessoas procurem ajuda, porque só o tratamento médico, em conjunto com a psicoterapia e outras abordagens de mudança de estilo de vida, vai fazer essa pessoa sair do quadro em que se encontra”, afirmou Alessandra.
Durante a entrevista, a médica destacou que o preconceito em torno da saúde mental ainda é um dos principais entraves para o diagnóstico e o tratamento adequados. Ela lembrou que o primeiro medicamento psiquiátrico eficaz surgiu há apenas 75 anos, e que desde então houve avanços expressivos na medicina.
“As medicações mais modernas, que eu uso hoje no consultório, não existiam quando me formei, há 26 anos. São medicamentos com menos efeitos colaterais, mais eficazes e de resposta mais rápida. Mas a sociedade ainda carrega aquela visão antiga de remédios pesados, que deixavam as pessoas lentas ou sedadas. O mundo mudou — e a psiquiatria também”, explicou.
A especialista também ressaltou como o tratamento adequado transforma não apenas a saúde mental, mas também a autoestima e as relações pessoais.
“É muito bonito ver as mulheres que chegam sem ânimo, sem se cuidar, e depois de algumas consultas voltam diferentes — maquiadas, com o cabelo arrumado, sorrindo. Dormir bem faz bem para qualquer um. Quando o sono volta, a pele melhora, o humor melhora, e a pessoa reencontra a vontade de viver”, relatou.
Encerrando a entrevista, a Dra. Alessandra Pereira deixou uma mensagem de esperança para quem enfrenta a doença e acredita que não há saída:
“Quando você está doente por fora, algo dentro de você está pedindo atenção. Esse mergulho interior pode ser solitário, mas há pessoas que sabem o caminho de volta. Procure ajuda — psicológica, médica ou espiritual. Não tenha preconceito. Existe uma vida melhor. Você precisa vir descobrir comigo: que vida é essa?”
Foto: Priscylla Curi
Por João Paulo Oliveira, da Redação Jovem Pan News Manaus