O projeto Entre Águas Amazônicas, desenvolvido em parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Instituto Mamirauá, realizou a 1ª Oficina de Capacitação em Agricultura Orgânica voltada a produtores familiares e estudantes do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) do Mamirauá, no município de Tefé, região do Médio Solimões.
Entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro, a atividade reuniu 51 participantes, incluindo agricultores das comunidades Santa Cruz, Santa Clara e Santa Maria, na Ilha do Tarará, além de técnicos e jovens do CVT. O objetivo foi difundir práticas agroecológicas e promover a adoção de técnicas sustentáveis para fortalecer a agricultura familiar na região.
A capacitação foi ministrada pelo Programa de Manejo de Agroecossistemas (PMA) do Instituto Mamirauá, em parceria com os professores do INPA Reinaldo J. Álvarez Puente e o técnico Valzenir Antônio de Albuquerque. As aulas abordaram temas como adubação orgânica, defensivos naturais, compostagem, produção de biofertilizantes e manejo sustentável do bananal, com destaque para técnicas de multiplicação de mudas por rizoma.
Trabalhamos o cultivo da banana, um dos frutos mais presentes na região. A técnica de divisão do caule permite germinar várias mudas de forma saudável e rápida, com o uso de defensivos naturais e sem impacto ambiental”, explicou o professor Reinaldo Álvarez, do INPA.
Práticas sustentáveis e impacto comunitário
As comunidades participantes têm papel relevante na produção de hortaliças e frutas para o abastecimento de Tefé e áreas vizinhas. De acordo com Nicolas Calderon, do projeto Entre Águas Amazônicas, a iniciativa marca o início de um processo de transição para modelos produtivos mais sustentáveis.
É um passo importante para que essas comunidades adotem práticas orgânicas e possam, futuramente, conquistar certificações e o selo de produtores orgânicos”, afirmou.
Para o agricultor Janderson Ribeiro, da comunidade Santa Maria, o aprendizado representa avanço direto para o trabalho no campo.
Esses conhecimentos tornam nossa produção mais limpa e saudável, melhorando o que entregamos à comunidade e aos consumidores”, destacou.
Formação e intercâmbio de saberes
Além dos produtores, participaram da oficina estudantes do CVT do Instituto Mamirauá, que atua na formação técnica de jovens produtores e extrativistas. A atividade contou com alunos do Médio Solimões, costa paraense e Amapá, que participaram de aulas práticas e vivências em campo.
Segundo o coordenador do programa, Sandro Regatieri, a experiência aproxima teoria e prática.
O contato direto com os agricultores permite que os estudantes compreendam o ciclo completo da produção orgânica e levem esse conhecimento para suas comunidades”, explicou.
A capacitação também recebeu participantes com experiência prévia em agroecologia, como a técnica Gerlane Gomes, aluna do CVT e integrante da comunidade Barreira da Missão.
Hoje nossa comunidade já conquistou o selo de produtores orgânicos. Aprimorar o que já sabemos é essencial para garantir alimentos de qualidade e continuar crescendo com sustentabilidade”, afirmou.
Integração institucional e sustentabilidade
A oficina contou com financiamento do projeto Entre Águas Amazônicas, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O projeto é executado pelo Instituto Mamirauá em cooperação com o INPA, por meio da iniciativa “Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Orgânicos de Produção para Agricultores Familiares do Amazonas”, coordenada pela professora Sônia Alfaia.
Para a coordenadora do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá, Fernanda Viana, a integração entre instituições é essencial para o avanço das práticas sustentáveis no território amazônico.
Essas ações fortalecem a agricultura orgânica, promovem a troca de saberes e melhoram a qualidade de vida das comunidades. É por meio da união de esforços que conseguimos gerar impactos duradouros”, destacou.
Sobre o projeto
O Entre Águas Amazônicas atua em uma área de cerca de 4,8 milhões de hectares, abrangendo unidades de conservação, terras indígenas e áreas ribeirinhas nos estados do Pará, Amazonas e Amapá. O projeto busca fortalecer a gestão participativa dos recursos naturais, conservar a biodiversidade, manter os estoques de carbono e promover o desenvolvimento sustentável em comunidades tradicionais.
Também estão previstas ações voltadas à recuperação de ecossistemas de várzeas e manguezais, à capacitação de produtores locais e ao fortalecimento da governança comunitária.
A iniciativa conta com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), execução do MCTI e implementação pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), tendo o Instituto Mamirauá como organização executora responsável pelas atividades no Brasil.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Por Karoline Marques, da Redação Jovem Pan News Manaus.