Exclusivo: Mães atípicas e Rota Bioceânica em debate sobre inclusão e integração

Durante entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News Manaus, o deputado Sinésio Campos destacou a lei “Cuidando de Quem Cuida” e os avanços na conexão entre Atlântico e Pacífico.

O deputado estadual Sinésio Campos (PT) participou do programa Jornal da Manhã, da Jovem Pan News Manaus, apresentado por Tatiana Sobreira, e abordou dois temas de grande impacto para o Amazonas: o fortalecimento da Rota Bioceânica como vetor logístico e econômico, e a recente sanção da Lei nº 7.768/2025, de sua autoria, que cria o programa estadual “Cuidando de Quem Cuida”, voltado ao amparo de mães atípicas e cuidadoras de pessoas com deficiência.

“As mães atípicas são heroínas invisíveis. Essa lei é para enxergá-las e acolhê-las”, diz Sinésio

Durante a entrevista, Sinésio fez um extenso relato sobre a realidade enfrentada por milhares de mães que deixam suas carreiras e rotinas para cuidar integralmente de filhos com autismo, TDAH, dislexia, síndrome de Down ou doenças raras. Ele lembrou também que muitas dessas mulheres vivem no anonimato, sem apoio do Estado ou da sociedade.

“Ninguém fala de quem cuida dessas pessoas. Parece que são anônimas, invisíveis. O autista é visto, mas não a mãe do autista”, afirmou. “Conheci jornalistas, advogadas, médicas que deixaram tudo para cuidar dos filhos. E muitas vezes são abandonadas por seus companheiros, ficando sozinhas nessa jornada.”

A fala do deputado contextualizou a criação do programa Cuidando de Quem Cuida, instituído pela Lei nº 7.768/2025, sancionada em 15 de setembro. A nova política pública estabelece uma rede de apoio multidisciplinar às mães e cuidadoras atípicas, garantindo atendimento psicológico, suporte social, terapias, capacitação e até serviços de cuidado domiciliar para permitir que essas mulheres tenham momentos de descanso e atendimento próprio.

De acordo com Sinésio, a Lei busca oferecer dignidade e valorização a um grupo que historicamente não tem voz.

“Essa lei é uma forma de reconhecer o esforço, oferecer apoio e cuidar de quem cuida. É uma política de empatia, acolhimento e justiça social”, disse o parlamentar.

Segundo dados do IBGE e do Ministério da Saúde, cerca de 40 mil famílias no Amazonas possuem filhos com algum tipo de deficiência ou transtorno. O programa estadual pretende alcançar diretamente essas famílias, ampliando a rede de assistência social no estado.

Rota Bioceânica: nova era para o desenvolvimento logístico da Amazônia

Outro destaque da entrevista foi o detalhamento da chamada Rota Bioceânica, alternativa logística que conecta o Oceano Atlântico ao Pacífico, encurtando significativamente o tempo e o custo de transporte de mercadorias entre o Brasil, a Ásia e a América do Norte.

Sinésio relembrou a história geopolítica da rota e destacou os impactos para a economia regional e o Polo Industrial de Manaus (PIM):

“Essa nova logística rodofluvial vai encurtar em 25 dias o trajeto de escoamento da produção. Produtos da Zona Franca de Manaus chegarão mais rapidamente à Ásia, e também vamos receber mais insumos e abrir espaço para novos negócios e turismo.”

Segundo ele, a rota tem dois traçados principais: um via Porto de Manta, no Equador, e outro pelo porto de Chancay, no Peru, ambos com destino final em Tabatinga (AM), cidade que se tornará um dos maiores hubs logísticos da Amazônia:

“Tabatinga sempre foi estigmatizada como lugar de crime e narcotráfico. Mas, com essa integração, vamos transformar a região em polo universitário, industrial, turístico. Já há investimentos do governo federal e parcerias com embaixadas e universidades.”

O deputado também defendeu o fortalecimento de cursos de engenharia naval, hotelaria e turismo em universidades da região, como estratégia para qualificar mão de obra local e atrair investimentos sustentáveis.

Transição energética e inclusão social: “A COP30 tem que ouvir quem está na floresta”

Na entrevista, Sinésio ainda abordou temas ligados à sustentabilidade e à inclusão dos povos tradicionais na transição energética, destacando sua atuação em fóruns e audiências públicas voltadas à COP30.

“Falar de transição energética é também cuidar dos povos ribeirinhos. Precisamos levar energia solar, dignidade e novas alternativas para quem está isolado.”

Ele também lembrou sua relatoria na quebra do monopólio do gás na Amazônia, que permitiu a substituição de térmicas a diesel por fontes mais limpas e acessíveis de energia no estado.

Nova visão de mandato participativo

Ao final da entrevista, Sinésio reforçou sua visão de mandato popular e participativo, ressaltando a importância de ouvir a população na formulação de políticas públicas.

“O cidadão não é cidadão só no dia 4 de outubro, quando vota. Ele precisa acompanhar, criticar, sugerir. Quando eu vou nas casas, tomo uma água, como um bolo, é ali que eu escuto a dor das pessoas. É dali que nascem as propostas que realmente fazem a diferença.”

Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus

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