Manaus, 17 de outubro de 2025 — Nesta sexta-feira, Dr. Alceu Ranzi, presidente do Instituto Geoglifos da Amazônia, e Hudson dos Santos Ferreiras, diretor executivo, foram os convidados especiais do programa “De Olho na Cidade”, apresentado por Tatiana Sobreira e Jackson Nascimento, na Jovem Pan News Manaus. A conversa revelou as histórias e mistérios por trás dos geoglifos, monumentos arqueológicos que mostram uma civilização milenar escondida na floresta amazônica.
“Eu me lembro bem desse momento”, começou Dr. Alceu Ranzi. “Estava chegando de avião em Rio Branco, no Acre, há cerca de 20 anos, quando avistei uma estrutura no solo que, pela minha formação em Geografia, logo percebi que não era natural. Aquilo tinha sido feito por alguém.”
Hudson complementou:
“Quando você sobrevoa um geoglifo, ou mesmo está diante dele, é impossível não se apaixonar. Imagine um círculo de 300 metros de diâmetro, ou uma linha que se estende por até 3 quilômetros. É uma monumentalidade que impressiona qualquer pessoa.”
Dr. Alceu explicou a importância dessa descoberta: “Esses geoglifos revelam que a Amazônia foi densamente ocupada por diferentes povos ao longo dos séculos, principalmente no Acre, Lábrea e Boca do Acre. Não eram milhões concentrados em um só lugar, como Manaus hoje, mas distribuídos em uma grande área, um urbanismo de baixa densidade.”
Hudson reforçou:
“E o mais incrível é que tudo isso foi construído por povos que não tinham ferramentas modernas, nem máquinas, e mesmo assim criaram essas formas geométricas com precisão e planejamento. Isso mostra o alto nível de conhecimento que existia aqui.”
Um Eldorado da ciência
Para Dr. Alceu, esses geoglifos são mais que arqueologia, são um “Eldorado da ciência”.
“Cada descoberta é uma oportunidade de entender melhor o passado da Amazônia. O governo brasileiro já indicou esses geoglifos à Unesco para avaliação como Patrimônio Mundial da Humanidade, o que abre portas para o turismo e a valorização cultural.”
Hudson acrescentou uma comparação que empolga:
“Assim como em Nazca, no Peru, onde filas de turistas esperam para sobrevoar as linhas, aqui na Amazônia há milhares de estruturas espalhadas, que poderiam transformar a região em um polo turístico arqueológico.”
A revolução na arqueologia amazônica
Hudson destacou o avanço tecnológico que mudou o rumo das pesquisas.
“Hoje não precisamos mais desmatar para descobrir geoglifos. Com a tecnologia podemos lançar feixes de laser que atravessam a copa das árvores e revelam o que está escondido no solo, mostrando cidades inteiras que estavam ocultas.”
Dr. Alceu comentou sobre a relação entre as antigas civilizações da Amazônia e outras da América Latina.
“Há uma hipótese plausível de que essa cultura tenha ligação com povos andinos, já que a região do Acre faz fronteira com a Bolívia, onde também existem evidências de ocupação. O que é curioso é que a construção dos geoglifos parou há cerca de 800 anos, junto com o fim das grandes obras dos maias.”
Hudson refletiu:
“Isso levanta muitas perguntas, teria sido uma pandemia, um evento climático, um impacto ambiental? O fato é que tudo isso aconteceu antes dos europeus chegarem, o que muda completamente nossa narrativa sobre o passado da Amazônia.”
Exposição no MUSA aproxima público das descobertas
A parceria entre o Instituto Geoglifos da Amazônia e o Museu da Amazônia (MUSA) trouxe para Manaus a exposição “Geoglifos da Amazônia – DESVELANDO O PASSADO PROFUNDO”, que reúne 23 painéis com imagens e explicações sobre essas estruturas impressionantes.
Dr. Alceu convidou o público:
“A exposição é uma oportunidade única para entender essas civilizações ancestrais. O público vai poder ver a grandiosidade dessas obras e compreender o papel que elas tiveram na formação da história da Amazônia.”
Hudson finalizou:
“Vale muito a pena visitar. A exposição é um espaço de conhecimento e valorização de um patrimônio que até pouco tempo era desconhecido pela maior parte da população.”
Sobre os Geoglifos da Amazônia:
São estruturas escavadas no solo em formas geométricas monumentais, localizadas principalmente no Acre, Amazonas e Rondônia. Elas demonstram que a Amazônia foi habitada por sociedades complexas, que dominaram técnicas para construir esses impressionantes sítios arqueológicos.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.