China impõe restrições a terras raras e aumenta tensão comercial com os EUA

Medida exige autorização para exportação de minerais estratégicos; Trump reage com ameaça de tarifas
China detém a maior parte do processamento global de terras raras, usadas em tecnologia, defesa e energia - Foto: Freepik

O Ministério do Comércio da China publicou o “anúncio nº 62 de 2025”, determinando que empresas estrangeiras obtenham autorização para exportar produtos que contenham terras raras. A medida exige também a declaração da finalidade de uso dos minerais, essenciais para tecnologia, energia e defesa.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, respondeu com ameaça de tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses e restrições à exportação de softwares estratégicos.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou: “Isto é a China contra o mundo. Eles apontaram uma bazuca para as cadeias de suprimentos e a base industrial de todo o mundo livre, e nós não vamos permitir isso.”

Em nota, a China declarou que os EUA provocaram “mal-entendidos e pânico desnecessários” e que pedidos de licença com destinação civil serão aprovados.

Nos últimos dias, os dois países também aplicaram novas taxas portuárias sobre navios de cada lado, encerrando meses de trégua comercial iniciada em maio.

Uso estratégico das terras raras

Minerais de terras raras são usados em smartphones, painéis solares, carros elétricos e equipamentos militares. Um caça F-35, por exemplo, utiliza mais de 400 kg desses minerais em motores, radares e revestimentos. Cerca de 70% do fornecimento global de ímãs para veículos elétricos depende de exportações chinesas.

Especialistas afirmam que, embora os EUA e aliados invistam em alternativas, a dependência da China ainda é alta. A Austrália possui depósitos, mas sua infraestrutura de processamento é limitada.

“Mesmo que os EUA e aliados desenvolvam o processamento nacional, levará pelo menos cinco anos para atingir a capacidade da China”, disse Marina Zhang, da Universidade de Tecnologia de Sydney.

Dados econômicos e impacto

As exportações chinesas de terras raras caíram 30% em setembro em relação ao ano anterior. O impacto econômico é considerado pequeno, pois representa menos de 0,1% do PIB anual da China, estimado em US$ 18,7 trilhões.

Apesar disso, especialistas afirmam que o valor estratégico das restrições é significativo. Sophia Kalantzakos, da Universidade de Nova York, comentou: “O valor estratégico é enorme. Isso dá à China influência nas negociações com os EUA.”

Negociações e perspectivas

Autoridades americanas indicam abertura para diálogo. Bessent afirmou que espera amenizar a situação. O ministro chinês Wang Yi reforçou a necessidade de comunicação:

“Os dois lados devem se envolver em uma comunicação eficaz, resolver adequadamente as diferenças e promover o desenvolvimento estável, saudável e sustentável das relações China-EUA”, destacou Wang Yi.

Analistas apontam que o controle chinês sobre terras raras é uma alavanca de pressão, mas os EUA podem usar tarifas e restrições tecnológicas como retaliação.

“Medidas direcionadas à indústria de tecnologia da China podem desacelerar o país, mas não vão detê-lo completamente”, observou Naoise McDonagh, especialista em negócios internacionais.

Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus.

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