No Radar de Notícias desta segunda-feira, 20, o programa celebrou o Dia do Poeta com a presença de Tenório Telles, professor, editor e um dos nomes mais influentes da literatura amazonense. Formado em Letras pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, Tenório é autor de obras como “Prelúdio Coral” e “Manaus – Solo Dissonante”, além de importantes estudos sobre a produção literária da região.
Durante a entrevista, o escritor falou sobre o lançamento da nova edição do livro “Clube da Madrugada – Presença Modernista no Amazonas”, publicado pela Editora Valer, em homenagem aos 70 anos do movimento Clube da Madrugada, marco da renovação cultural no estado. O evento ocorre no dia 20 de novembro, às 19h, na nova sede da editora, no Largo São Sebastião, com programação que inclui colóquio, tributo e recital poético.
Ao relembrar o início de sua trajetória, Tenório contou que aprendeu a ler aos seis anos, em uma pequena sala improvisada às margens do Rio Solimões.
“A minha trajetória é improvável. Nasci no interior, e minha mãe, analfabeta, decidiu me trazer para Manaus para que eu estudasse e fosse alguém na vida. Isso mudou tudo”, afirmou.
O poeta também comentou a emoção de ter um verso eternizado no Jardim das Pedras que Falam, em Santiago de Compostela, na Espanha, fruto de um trabalho de tradução e intercâmbio literário com autores espanhóis.
“Fui homenageado com uma pedra nesse jardim, um gesto simbólico que me conecta à poesia universal e à Amazônia profunda”, destacou.
Foto: Divulgação
Prelúdio Coral e o amadurecimento poético
Sobre o livro “Prelúdio Coral”, Telles o define como um marco de amadurecimento poético.
“Eu considero esse livro um divisor na minha trajetória. Depois de anos publicando obras de outros autores, encontrei a minha voz poética com mais consciência e rigor estético”, explicou.
Ao revisitar a história do Clube da Madrugada, movimento que revelou nomes como Luiz Bacellar, Astrid Cabral e Thiago de Mello, Tenório ressalta o impacto cultural do grupo. “O Clube mudou a história da literatura do Amazonas. Trouxe uma nova linguagem, uma nova forma de pensar e de escrever sobre a Amazônia. É um legado que ainda inspira gerações”, disse.
Encerrando a conversa, o poeta refletiu sobre o ofício da escrita.
“A luta do poeta é encontrar a palavra certa. Nem sempre conseguimos dizer o que imaginamos, mas é nessa busca que está a beleza da poesia”, concluiu.
Novos projetos e presença digital
O escritor mantém um perfil no Instagram, @tenoriotelles, onde divulga ensaios, poemas inéditos e reflexões sobre autores amazônicos. Além do relançamento do Clube da Madrugada, Tenório adiantou que prepara uma nova coletânea de poemas, prevista para o próximo ano, reafirmando sua dedicação à promoção da literatura amazonense e hispano-americana.
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus