O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (27), no horário local (à meia noite no Brasil), em coletiva de imprensa realizada em Kuala Lumpur, na Malásia, que o Brasil e os Estados Unidos estão próximos de chegar a um acordo para suspender as tarifas impostas aos produtos brasileiros.
A declaração ocorreu após reunião com o presidente norte-americano Donald Trump, na qual Lula disse ter percebido disposição de ambas as partes para resolver o impasse comercial.
“Tive ontem na reunião [com o presidente Donald Trump] uma boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, disse Lula.
Segundo o presidente, o governo brasileiro entregou aos Estados Unidos um documento com os principais pontos a serem tratados nas negociações. Lula reforçou que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil e, portanto, não há justificativa econômica para as tarifas impostas.
“Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo: os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil”, afirmou.
Questionado por jornalistas, Lula disse que o diálogo com Trump foi positivo, mas evitou tratar o encontro como uma promessa.
“Para mim, o que ele tem que fazer é compromisso. E o compromisso que ele fez é que pretende fazer um acordo de muito boa qualidade com o Brasil”, declarou.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou que equipes técnicas dos dois países devem realizar reuniões nas próximas semanas.
“Concordamos em trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes. Nas próximas semanas, acordamos um cronograma de reuniões entre as equipes negociadoras para tratar das negociações de ambos os países com foco nos setores mais afetados pelas tarifas”, explicou.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático – ASEAN em Kuala Lampur, Malásia – Fotos: Ricardo Stuckert / PR
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, também avaliou que as conversas estão avançando.
“O Brasil solicita que haja reversão da decisão política tomada [relativa à taxação]. Graças a essa posição, nós hoje fazemos uma discussão de um acordo comercial e não com outras naturezas que não sejam comerciais”, disse Rosa.
Relações regionais e COP30
Lula afirmou ainda que colocou o Brasil à disposição para contribuir nas negociações entre os Estados Unidos e a Venezuela.
“Isso ficou muito claro, se precisar que o Brasil ajude, estamos à disposição para negociar. O Brasil não tem interesse que haja uma guerra na América do Sul. A nossa guerra é contra a pobreza e a fome”, declarou.
Durante o encontro, o presidente também reforçou o convite a Trump para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).
“Convidei ele para ir à COP outra vez. Disse: ‘É importante que você vá para dizer o que pensa. Se não acredita nas coisas, vá lá para falar’. Não podemos fingir que não há uma situação climática”, afirmou.

Expansão comercial na Ásia
Na coletiva, o chanceler Mauro Vieira destacou a importância das visitas à Indonésia e à Malásia para a ampliação das relações comerciais do Brasil.
“O Sudeste Asiático é o epicentro do crescimento global, zona dinâmica e polo de inovação tecnológica que está no centro das prioridades da política externa brasileira de diversificação de parcerias e atração de investimentos”, disse Vieira.
Lula também declarou apoio à entrada da Malásia como membro pleno do Brics. Atualmente, o país é parceiro do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
No mesmo dia da coletiva, Lula completou 80 anos e afirmou estar em “um dos melhores momentos da vida”.
“Eu nunca me senti tão vivo e com tanta vontade de viver”, declarou o presidente.
Com informaçõe da Agência Brasil
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus



