O peixe está entre os alimentos mais consumidos pela população do Amazonas e tem papel importante tanto na alimentação diária quanto na economia regional. Diante dessa relevância, a produção aquícola do estado tem avançado nos últimos anos e apresentado resultados de destaque no cenário nacional.
Em âmbito nacional, a aquicultura superou R$ 10 bilhões em valor de mercado no último levantamento disponível. A piscicultura atingiu 724,9 mil toneladas e movimentou R$ 7,7 bilhões, enquanto a carcinicultura somou 146,8 mil toneladas com R$ 3,1 bilhões. Os números reforçam a consolidação do setor como uma das principais fontes de proteína animal do país.
No Amazonas, dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM 2024), do IBGE, apontam recorde na produção de tambaqui e matrinxã. Foram registrados 8,5 milhões de quilos de tambaqui e 2,8 milhões de quilos de matrinxã. Outras espécies também tiveram participação relevante, como a pirapitinga (265 mil quilos) e o pirarucu (207 mil quilos). A produção se concentra na Região Metropolitana de Manaus, puxada pela demanda da capital. Manacapuru liderou a produção estadual, com 1,9 milhão de quilos, seguida por Rio Preto da Eva, com 1,5 milhão. Iranduba, Manaus e Presidente Figueiredo aparecem entre os principais produtores.
Apesar dos avanços, o estado ocupa a quinta posição no ranking nacional do cultivo de tambaqui. Rondônia está na liderança com 52,9 milhões de quilos, seguida por Roraima (12,9 milhões), Maranhão (11,7 milhões) e Pará (9,9 milhões). De acordo com dados setoriais, fatores como logística limitada, dependência do transporte fluvial e custos elevados de insumos influenciam o desempenho da produção no Amazonas. Nessas condições, o escoamento para mercados fora da região se torna mais oneroso e reduz competitividade.
Estados vizinhos contam com polos produtivos estruturados mais próximos ao Centro-Sul, onde está a maior parte do consumo nacional, permitindo maior fluxo de comercialização e presença mais ampla da indústria de processamento. Nessas regiões, o pescado chega aos mercados já beneficiado, com maior valor agregado.
Mesmo com desafios logísticos, a piscicultura permanece como uma das principais atividades do setor primário no Amazonas, garantindo geração de renda em municípios do interior, além de assegurar o abastecimento do mercado local. O desempenho recente indica potencial de expansão da produção regional, sobretudo com investimentos em infraestrutura, processamento e estratégias de comercialização.
A cadeia de peixes nativos segue como diferencial competitivo do estado, com expectativa de que o aumento da demanda nacional impulsione novos resultados nos próximos anos.
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus.



