A abertura da exposição contará com cortejo do Maracatu Pedra Encantada e intervenção inédita nas janelas do Palacete, homenageando personalidades negras amazônicas. Segundo o curador e artista Marcelo Rufi, a mostra é resultado de um processo de imersão e troca entre artistas de diferentes idades, reforçando a presença da negritude na arte contemporânea amazônica.
O coletivo Arte Ocupa apresenta “Amazônia Preta” como um projeto que integra arte, memória e ancestralidade, conectado à residência artística “Pretuberâncias”. Em entrevista ao programa De Olho na Cidade, Marcelo Rufi explicou:
“Amazônia Preta é um projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc, mas ele se conecta a outro projeto chamado Pretuberâncias, que é uma residência artística onde reunimos 17 artistas para criar uma exposição. Essa exposição nasceu de um processo de imersão não foi algo montado de forma aleatória. Os artistas passaram por vivências, trocas e intervenções, inclusive com a Brisa, que é nossa mediadora e também participou da residência.”
Marcelo destacou a diversidade dos artistas participantes, com idades entre 18 e 54 anos:
“É muito emocionante apresentar essa exposição justamente iniciando o Mês da Consciência Negra. É uma grande experimentação da arte contemporânea.”
A curadoria, assinada por Marcelo Rufi, é participativa:
“Sim, estou na curadoria mais uma pra carregar (risos). Mas é uma curadoria participativa. Como se trata de arte contemporânea, os artistas contribuem bastante no processo. É uma troca ativa.”
Um dos destaques da exposição é a intervenção “Gigantes da Memória”, que ocupará as 17 janelas do Palacete com retratos de personalidades negras amazônicas. Segundo Marcelo, a ação transforma o espaço histórico em um território de novas narrativas:
“Essa intervenção propõe uma nova forma de narrar história. O Palacete é um lugar simbólico, um espaço de memória oficial. E, neste Mês da Consciência Negra, essas histórias vão ser contadas por outras vozes, por outros rostos, mostrando referências que muitas vezes não são lembradas.”
Brisa Rocha, conhecida artisticamente como Ventinho, também mediadora da residência, falou sobre a experiência:
“Eu sou estudante da UFAM, estou no meu quarto período, e para mim é uma honra muito grande estar aqui. Não é a primeira vez que trabalho com o Arte Ocupa, mas é a primeira vez que vejo a minha arte alcançando um espaço tão significativo. Ver a arte chegando, transformando e abrindo caminhos é algo que realmente me marca.”
Ela ressaltou ainda a importância de criar oportunidades para jovens artistas:
“O que muitas vezes falta para nós, especialmente para quem é jovem, é oportunidade — oportunidade de vivência, de experiência, de poder se colocar e experimentar. Durante a residência, pude vivenciar exatamente isso e dialogar com pessoas muito jovens, principalmente nas mediações.”
A abertura da exposição terá início às 10h, com cortejo do Maracatu Pedra Encantada, saindo da Praça Heliodoro Balbi até o Palacete. Além das janelas, a mostra apresenta obras produzidas durante a residência e contempla acessibilidade, com consultoria de Henry Martínez Hernández.
Participam da exposição os artistas Anete Valdevino, Daniel Esteves, Ducoq, Yires, Shek, Lima, Ecto, Vic, Sìsí Rolim, Toró, Vivian Evangelista, Joe Maia, Subproduto, Geci, Flora e Dayo Nascimento, com participações especiais de Bruno Souza, Bina, Áquila Muniz, Junior Gonçalves, Ventinho, Rana Mariwo e o Maracatu Pedra Encantada.
Com “Amazônia Preta”, o Palacete Provincial, antes símbolo de exclusão histórica, se torna palco de ressignificação, pertencimento e celebração da arte negra amazônica, destacando a potência da arte como instrumento de memória, resistência e transformação social.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.



