O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participa ativamente da Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30, em Belém (PA), defendendo uma transição energética justa, popular e sustentável. A organização integra todos os seis eixos temáticos do encontro, com foco principal no debate sobre a transformação do modelo energético brasileiro e seus impactos sociais.
Durante a Cúpula dos Povos, o MAB propõe um novo modelo de política energética que vá além da simples troca de fontes fósseis por renováveis. O movimento argumenta que uma verdadeira transição energética deve incluir mudanças estruturais na forma como a energia é produzida, distribuída e utilizada, priorizando a justiça social e a soberania popular.
De acordo com Dalila Calisto, integrante da coordenação do MAB, é necessário discutir não apenas a origem da energia, mas também o seu destino e os grupos beneficiados.
“Não adianta mudar a fonte e não discutir para quem está sendo produzida a energia e quem se apropria dela. Uma transição justa e popular significa redefinir o papel do Estado e das empresas estrangeiras que, há anos, se beneficiam da riqueza produzida pelos trabalhadores”, afirmou.
O movimento também defende a criação de um fundo permanente de reparação para as populações atingidas por barragens e a implementação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB). Segundo o MAB, esses mecanismos são essenciais para garantir justiça a comunidades afetadas historicamente pela construção de hidrelétricas e outros grandes empreendimentos.
“É justo e necessário que as populações, que há décadas são violadas pelo Estado e por empresas transnacionais, tenham direito à reparação justa”, reforçou Dalila.
A proposta do MAB inclui críticas ao modelo energético vigente, considerado centralizador e excludente. Para o movimento, a transição energética não deve servir apenas como ferramenta de descarbonização do sistema produtivo, mas também como oportunidade de democratizar o acesso à energia e reduzir desigualdades sociais.
A integrante do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), Fabíola Antezana, destaca que é preciso observar de forma crítica as propostas apresentadas durante a COP30.
“O capital gerou o problema da crise climática e agora apresenta suas próprias soluções. É um jogo de ganha-ganha para o capital. Precisamos construir uma transição energética que seja realmente inclusiva”, afirmou.
Eixos de debate na Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos reúne 1.099 organizações em torno de uma agenda global de debates estruturada em seis eixos centrais. O MAB deve levar cerca de 1.000 participantes de diferentes regiões do Brasil, além de 200 delegados do IV Encontro Internacional de Comunidades Atingidas por Barragens e Crise Climática.
Os eixos da Cúpula abordam:
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defesa dos territórios e dos direitos dos povos das águas, florestas, campos e cidades;
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enfrentamento ao agronegócio e ao poder corporativo;
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transição energética justa e popular;
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luta contra as opressões e promoção do feminismo popular;
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enfrentamento à crise climática nas periferias urbanas;
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internacionalismo dos povos e solidariedade entre nações.
Com essa participação, o MAB busca fortalecer o debate sobre o modelo energético brasileiro e propor soluções que priorizem as populações atingidas, a soberania nacional e a justiça climática.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.



