COP30 realiza encontros paralelos para debater “povos de terreiros e quilombolas”

Eventos em Salvador e no Rio de Janeiro buscam fortalecer a luta das comunidades negras tradicionais e dar visibilidade à pauta da justiça climática

Durante a realização da COP30, povos de terreiros e comunidades quilombolas promovem, no próximo dia 15 de novembro, encontros paralelos para reforçar o debate sobre racismo ambiental, direitos territoriais e participação das comunidades tradicionais nas políticas climáticas.

Em Salvador (BA), o evento será a Cúpula dos Povos de Terreiro, realizada das 9h às 13h no Parque da Pedra de Xangô, primeiro parque municipal dedicado ao povo de matriz africana. Já no Rio de Janeiro (RJ), a I Cúpula das Vozes Quilombolas pelo Clima ocorre das 9h às 17h, na Fundição Progresso, com apoio da Associação Estadual das Comunidades Quilombolas do Rio de Janeiro (Acquilerj). Ambas as agendas são organizadas pela KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço.

Representatividade e luta contra o racismo ambiental

A diretora executiva da KOINONIA, Ana Gualberto, destacou a importância de incluir as comunidades negras tradicionais na agenda climática da COP30.

Os quilombos e os terreiros têm papel essencial na preservação ambiental e na manutenção da diversidade cultural do país. Essas comunidades preservam o meio ambiente cotidianamente, mesmo sem reconhecimento do Estado”, afirmou.

Ana ressaltou que a Cúpula dos Povos de Terreiro simboliza resistência e conquista.

É muito simbólico realizarmos o evento no Parque da Pedra de Xangô, um espaço de luta e de afirmação da identidade afro-brasileira”, completou.

Desafios de reconhecimento e políticas públicas

Segundo Ana Gualberto, o reconhecimento territorial ainda é um dos maiores desafios enfrentados por essas comunidades. Mais de 5 mil terreiros foram identificados apenas em Salvador, mas menos de 20% possuem a posse garantida de seus territórios.

Com a especulação imobiliária e a violência urbana, os terreiros estão sendo deslocados. Mapear essas comunidades é essencial para implementar políticas públicas efetivas”, destacou.

A voz dos quilombolas

No Rio de Janeiro, a presidente da Acquilerj, Bia Nunes, afirmou que a cúpula tem o objetivo de valorizar o protagonismo quilombola e denunciar a falta de titulação dos territórios.

Quando se fala em justiça climática, não se pode esquecer dos quilombolas, que há séculos preservam a terra e as florestas. Do total de 54 comunidades reconhecidas no estado, apenas três têm título de posse — e dois precisam ser revisados”, disse.

Durante a Cúpula das Vozes Quilombolas, será lançado o Fórum Itinerante “Cuidar da Terra é Cuidar da Gente: A Luta Quilombola pela Mata Atlântica”, iniciativa voltada ao fortalecimento do debate climático e dos direitos territoriais. As inscrições podem ser feitas no endereço: bit.ly/CupulaVozesQuilombolas.

Com informações Agência Brasil

Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus

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