O secretário de meio ambiente (SEMA/AM), Eduardo Taveira, foi entrevistado na Jovem Pan News Manaus, no programa “De olho na Cidade”, apresentado por Tatiana Sobreira e Jackson Nascimento, e ao longo da conversa, Taveira ressaltou os impactos da realização da COP30 na Amazônia, os acordos firmados e a consolidação de políticas públicas ambientais de médio a longo prazo.
“A COP30 teve a nossa cara”
Durante a entrevista, o secretário enfatizou também o caráter histórico da conferência por ocorrer pela primeira vez na Amazônia.
Segundo ele, dois fatores tornam esta edição especialmente marcante.
O primeiro é a mudança de perspectiva nas negociações climáticas:
“Toda vez que se discute mudanças climáticas, existe a impressão de que o peso e o custo dessas mudanças — como reduzir o desmatamento e diminuir emissões — recaem sempre sobre os países mais pobres ou em desenvolvimento. E se esquece que cerca de 90% das emissões globais vêm de países ricos.”
Outro ponto positivo foi o de trazer o evento para o território amazônico, o que aproxiamr negociações diretas e compreender de perto a realidade socioambiental da região:
“Muda a perspectiva de quem está negociando e discutindo o clima, porque permite entender melhor a nossa realidade: sentir o calor daqui, compreender como são as nossas relações e os nossos desafios, seja no saneamento, seja em outras áreas.”
Já o segundo ponto é o simbolismo de realizar uma COP na Amazônia, algo antes considerado improvável por setores que questionavam a capacidade de Belém em sediar um evento global:
“Durante muito tempo se disse que a COP não caberia em Belém, que Belém não teria estrutura, que uma cidade do Norte não poderia receber um evento desse porte. Mas a questão é exatamente o contrário. Se a COP não cabe em Belém, o problema não é Belém, o problema é a COP. A COP tem que caber onde ela é necessária.”
Para Taveira, esta foi a COP30 da cultura, das pessoas e das realidades que já vivem os impactos das mudanças climáticas:
“Essa é a minha décima segunda Conferência do Clima e, sem dúvida, foi uma das melhores. A COP30 teve a nossa cara em todos os sentidos.”
Urgências reais: pobreza, secas e cheias extremas
O secretário também destacou que muitos líderes estrangeiros, ao visitarem a Amazônia pela primeira vez, puderam compreender de forma mais clara a gravidade dos eventos climáticos extremos no Norte:
“Eles puderam compreender melhor o que queremos dizer quando falamos em urgência e que a cobrança não pode recair apenas sobre reduzir o desmatamento. O foco principal, para quem vive aqui, é como reduzir a pobreza. É como incluir as comunidades que já sofrem com a seca severa, com as cheias cada vez mais frequentes.”
Segundo ele, o centro das discussões climáticas deve ser, antes de tudo, a vida das pessoas afetadas.
REDD+, bioeconomia e investimentos de longo prazo
Taveira também detalhou os principais anúncios realizados pelo Amazonas durante a COP30, destacando avanços estruturantes para as Unidades de Conservação (UCs).
Entre eles, o primeiro contrato de projetos de REDD+ em florestas estaduais, com início em áreas sem comunidades residentes:
“Optamos por iniciar os dois primeiros programas em florestas estaduais que não possuem comunidades, porque ainda há uma discussão sobre como devem ser realizadas as consultas públicas. Por isso, decidimos começar em áreas sem população residente.”
Outro marco é o lançamento da Política Estadual de Bioeconomia, que vai orientar investimentos e fortalecer cadeias produtivas sustentáveis no interior:
“Dentro das Unidades de Conservação trabalhamos com polos de socio-bioeconomia, e essa política passa a organizar os investimentos para valorizar essas cadeias.”
Investimento histórico: Arpa Comunidades
Um dos anúncios mais aguardados, segundo o secretário, foi a aprovação do programa Arpa Comunidades, financiado pelo Fundo Verde do Clima e coordenado pelo Funbio:
“O Amazonas conseguiu contemplar cerca de nove Unidades de Conservação com recursos exclusivos para apoiar cadeias produtivas pelos próximos 13 anos.”
Ele reforçou que se trata de um investimento contínuo, com garantia de execução de longo prazo:
“É uma ação de longo prazo, com investimentos já garantidos, como resultado direto da articulação realizada durante a COP para fortalecer as Unidades de Conservação do Estado.”
Entrevista eclusiva.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






