Livro destaca influência africana na formação da culinária brasileira

Obra reúne receitas e contextualiza como tradições do continente africano ajudaram a moldar pratos populares no país

O Brasil abriga, fora do continente africano, a maior população afrodescendente do mundo. Essa presença é refletida em diferentes expressões culturais, incluindo a gastronomia. Segundo o antropólogo e museólogo Raul Lody, elementos da culinária africana integram, há séculos, o repertório alimentar brasileiro — desde técnicas de preparo até a escolha de ingredientes.

Esse panorama é apresentado no livro “Kitutu: histórias e receitas da África na formação das cozinhas do Brasil”, que examina como a influência africana se incorporou ao cotidiano brasileiro. O título faz referência ao termo quimbundo kitutu, origem da palavra “quitute”, associada a pratos preparados com cuidado.

A obra reúne receitas de regiões como o Magrebe, a África Ocidental, a África Atlântica-Austral e a África Oriental. Além dos preparos, o autor aborda práticas, mitos e rituais relacionados à alimentação, destacando como hábitos culinários carregam identidades e trajetórias históricas.

Influências em pratos tradicionais

Um dos exemplos citados por Lody é o vatapá, que aparece em diferentes versões em países africanos. No livro, o autor compara nomenclaturas e adaptações:

“Mataba em Comores, matapá em Moçambique e vatapá no Brasil”, registra.

No contexto brasileiro, o prato passou a incorporar ingredientes locais e elementos trazidos pelos portugueses, como pão de trigo, castanha de caju, peixes e carnes variadas, sempre preparado com azeite de dendê, característica marcante da matriz africana.

Patrimônio culinário

Ao reunir registros históricos e receitas tradicionais, o livro evidencia como a culinária brasileira foi estruturada a partir do encontro entre culturas. A publicação oferece um panorama das influências africanas ainda presentes em pratos populares consumidos em diferentes regiões do país.

 

Com Informações da Revista Fórum

Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus