O processo de alfabetização tem início antes do período escolar e está relacionado ao desenvolvimento da linguagem e às interações da primeira infância. Pesquisas nacionais e internacionais indicam que crianças que chegam ao início da vida escolar com repertório linguístico ampliado apresentam melhor desempenho em leitura e escrita.
Segundo a UNESCO, crianças com vocabulário mais estruturado no início da vida escolar registram o dobro de probabilidade de alcançar resultados satisfatórios em alfabetização. Já dados do INEP mostram que mais da metade dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental apresentam dificuldades na leitura e escrita, reflexo da falta de consolidação das bases da linguagem nos primeiros anos de vida.
Para especialistas, o processo começa quando a criança inicia a fala e passa a reconhecer sons, ritmos e estruturas linguísticas, elementos que fundamentam etapas posteriores da alfabetização. Antes das atividades formais com letras e sílabas, a criança utiliza o brincar e o diálogo como meios de organização da linguagem.
Dois estudos internacionais reforçam esse entendimento. Um levantamento da Universidade de Harvard aponta que o repertório de vocabulário aos 3 anos está associado ao desempenho em leitura até os 9 anos, indicando que estímulos cotidianos podem influenciar o percurso escolar.
Antes de abordar os impactos da fala no momento da alfabetização, a fonoaudióloga Adriana Fiore contextualiza que a linguagem oral funciona como estrutura inicial para a compreensão dos sons. Em seguida, ela detalha como essa etapa interfere no aprendizado.
“A partir do momento em que aprende a falar, a criança passa a perceber os sons das palavras, a brincar com eles e a relacionar o que ouve com o que vê. Essa capacidade de escutar, discriminar e manipular os sons da fala — chamada de consciência fonológica — é um dos principais preditores de sucesso na alfabetização. Se a criança não domina a fala, terá mais dificuldade em associar letras a sons, reconhecer palavras e avançar na leitura. A alfabetização depende da linguagem oral”, explicou.
Em outra análise, Fiore destaca que as interações cotidianas contribuem para preparar a criança para a etapa escolar. Antes da sonora, ela contextualiza que o vocabulário ampliado se forma em experiências repetidas de escuta e fala. Em seguida, descreve o impacto direto desses estímulos.
“Isso mostra que estimular a fala desde cedo é uma forma de preparar a criança para o futuro escolar. A leitura e a escrita não começam na escola — começam no diálogo em casa, nas interações diárias e nas experiências de linguagem que a criança vive”, destacou.
Sinais de atenção também integram o processo de observação do desenvolvimento infantil. Segundo Fiore, aspectos como vocabulário reduzido, dificuldade para relatar situações simples e falta de compreensão de comandos podem indicar necessidade de intervenção.
Antes da sonora final, ela contextualiza que identificar esses fatores ajuda a evitar lacunas nos primeiros anos escolares.
“Quando essas questões são identificadas precocemente, podem ser trabalhadas de forma leve e eficaz, prevenindo prejuízos futuros no processo de alfabetização”, concluiu.
Com informações da Assessoria de Comunicação*
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus






