O conceito de “ver televisão” mudou radicalmente na última década. Para cerca de 50% da população mundial, a palavra “TV” já remete mais a streaming do que ao televisor da sala. No Dia Mundial da Televisão, o panorama revela uma virada completa no comportamento do público — que hoje assiste ao que quer, onde quer e na hora que bem entender.
A jornalista Saavik Arguelles, telespectadora assídua e profissional experiente na produção televisiva, observa essa transformação de perto.
“Hoje consumo conteúdo de forma mais fragmentada e personalizada. Até para assistir novela, que antes tinha horário fixo, acabo recorrendo ao streaming”, afirma.
Ela lembra que a TV já foi um ritual coletivo:
“Tinha aquela sensação de que todo mundo via a mesma coisa ao mesmo tempo.”
Streaming domina o tempo de tela
O avanço das plataformas também eliminou práticas tradicionais. A espera pelo horário do programa foi substituída por conteúdo sempre disponível, enquanto os algoritmos passaram a guiar o público: cerca de 80% do que se vê na Netflix vem de recomendações automáticas.
Em mercados ocidentais, o streaming já representa mais de 60% do tempo total de televisão. E o binge-watching se tornou regra: 70% dos usuários admitem ver três ou mais episódios de uma só vez.
“Ver TV” em qualquer tela
Em 2025, assistir televisão pode significar ver um episódio no caminho para o trabalho, acompanhar uma série no tablet antes de dormir ou maratonar no computador. Dispositivos móveis já respondem por mais de 70% das reproduções de vídeo no mundo.
A jornalista Gisele Coutinho diz que a mudança trouxe praticidade:
“Hoje posso assistir ao que quero em qualquer horário. Se perco a novela, vou ao streaming. Também vejo conteúdos na academia, no trabalho ou até no trânsito.”
O uso simultâneo de telas também virou parte da nova cultura televisiva. Entre espectadores abaixo dos 40 anos, 85% a 90% usam o celular ou o tablet enquanto a TV está ligada. Isso levou à adaptação da produção: cenas mais diretas, textos simplificados e legendas mais frequentes.
Conteúdo global em alta
Outra marca da nova era é o aumento do consumo de produções internacionais. Se antes legendas e dublagens eram barreiras, agora até 40% do público mundial relata preferência ou interesse por conteúdos de outros países. É o streaming que permite que histórias regionais se tornem fenômenos globais — como aconteceu com Squid Game e La Casa de Papel.
Entre a nostalgia e o novo hábito
Mesmo com a ascensão das plataformas, parte do público ainda guarda memória afetiva da “TV de antigamente”. Saavik conta que, apesar da mudança de hábito, algumas tradições permanecem:
“Aos domingos, ainda sento com a minha família para ‘ver TV’ do jeito tradicional.”
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus






