A experiência de quem conhece de perto chão de fábrica, engenharia avançada e realidades sociais distintas ajudou a moldar um dos projetos mais promissores para o futuro da mobilidade amazônica: motores elétricos especialmente desenvolvidos para embarcações de comunidades ribeirinhas. À frente dessa iniciativa está o engenheiro Márcio Sousa, profissional com trajetória internacional em manufatura, inovação industrial e Indústria 4.0, que apresentou em entrevista ao programa De olho na Cidade, na Jovem Pan News Manaus e apresentado por Tatiana Sobreira e Jackson Nascimento, sobre a visão técnica e humana por trás do desenvolvimento da tecnologia.
Com passagens por países como China, Índia, México, Estados Unidos, Holanda, Alemanha e Singapura, e formação sólida em Engenharia de Processos e Indústria 4.0, Sousa traz ao Amazonas uma perspectiva integrada entre eficiência, sustentabilidade e impacto social. Sua vivência em ambientes industriais complexos e altamente tecnológicos reforça a convicção de que a inovação deve servir, antes de tudo, às pessoas.
Amazônia como prioridade: engenharia a serviço da vida ribeirinha
Durante a entrevista, Márcio Sousa destacou que o ponto de partida do projeto foi a realidade vivida por quem depende diariamente da navegação para trabalhar, estudar e se deslocar. Em comunidades ribeirinhas, onde o combustível é caro, escasso e de difícil transporte, a interrupção de um trajeto pode significar perda de renda, risco à segurança e isolamento.
Para ele, o desenvolvimento dos motores elétricos busca enfrentar justamente esses desafios.
“O motor elétrico reduz drasticamente os pontos de falha. Não tem carburador, vela, filtro de óleo. A manutenção é mínima e o funcionamento é contínuo”, explicou.
A tecnologia já está em fase de testes com pescadores do Rio Negro e do Rio Solimões, com versões de 3 kW e 6 kW (equivalentes a aproximadamente 6 HP e 11 HP). Além da robustez, a facilidade de recarga é um diferencial crucial para o modo de vida amazônico.
“Qualquer tomada serve. Isso dá autonomia, reduz custo e facilita o dia a dia de quem vive distante dos centros urbanos” , reforçou.
Tecnologia inteligente para quem mais precisa
Os motores contam ainda com um sistema integrado de bateria e monitoramento inteligente, que transforma a embarcação em uma espécie de “computador de bordo”.
“O pescador consegue ver a autonomia, a carga da bateria, o tempo restante de navegação e até a distância estimada. Tudo claro, simples e pensado para a região”, detalhou Sousa.
Essa combinação de eficiência, baixo custo operacional e tecnologia acessível tem potencial de transformar a rotina de trabalho, transporte e segurança das comunidades ribeirinhas, que representam grande parte da população do estado.
Produzir no Polo Industrial de Manaus: um passo decisivo para o futuro da Amazônia
Para além da aplicação social, Márcio Sousa ressalta o impacto econômico e estratégico que o projeto representa para o Amazonas. A possibilidade de que esses motores sejam produzidos integralmente no Polo Industrial de Manaus (PIM) abre caminho para geração de renda, novos postos de trabalho e fortalecimento da economia local.
Produzir no Amazonas significa reduzir custos de logística, ampliar a presença da indústria de tecnologia limpa na região e posicionar o estado como líder nacional na fabricação de soluções sustentáveis para navegação — um setor vital para a Amazônia.
“É uma oportunidade de ganho financeiro para o Estado, de aquecimento do mercado e de fortalecimento do emprego local. A tecnologia nasce para a região e deve ser produzida também aqui”, destacou o engenheiro.
Inovação alinhada ao impacto social
O projeto dos motores elétricos representa mais que tecnologia: é uma ponte entre engenharia e qualidade de vida, conectando inovação industrial à realidade de quem depende dos rios para sobreviver. A iniciativa tem potencial para se tornar referência nacional, tanto pelo impacto social quanto pela capacidade de transformar o Polo Industrial de Manaus em um produtor de soluções energéticas limpas.
A iniciativa é desenvolvida pela Livoltek, onde Márcio Sousa atua como gerente industrial e lidera projetos estratégicos que envolvem energia limpa, carregadores elétricos, eficiência energética e manufatura avançada.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.





