Lula cobra mobilização de homens contra feminicídios durante evento em Pernambuco

Presidente cita casos recentes de violência e defende ação coletiva masculina para enfrentar agressões contra mulheres
Foto: Ricardo Stuckert/Assessoria de Imprensa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou nesta terça-feira (2), sobre os recentes casos de feminicídio registrados no país e defendeu uma mobilização de homens para enfrentar a violência de gênero. A fala ocorreu em Ipojuca (PE), no lançamento das obras de expansão da Refinaria Abreu e Lima (Rnest).

Durante o discurso, Lula relatou que a primeira-dama, Janja da Silva, o procurou para cobrar ações mais firmes do governo diante dos episódios ocorridos nos últimos dias. Antes da sonora, o presidente contextualizou o impacto das notícias na rotina familiar.

“Queria fazer um discurso para nós, homens. O que está acontecendo na cabeça desse animal, que é tido como a espécie animal mais inteligente do planeta Terra, para tanta violência? Eu acordei domingo para tomar café e, no café, a Janja começou a chorar. De noite, vendo o Fantástico, a Janja voltou a chorar. Ontem, ela voltou a chorar”, disse.

Na sequência, Lula citou três casos recentes, incluindo ocorrências em São Paulo e Recife.

Ele mencionou ataques registrados na zona Norte da capital paulista — o primeiro, envolvendo um homem que atirou diversas vezes contra a ex-companheira em uma pastelaria; o segundo, referente ao caso de Douglas Alves da Silva, 26 anos, que atropelou e arrastou Tainara Souza Santos, 31 anos, que teve as pernas amputadas e permanece internada.

Também citou o caso de um incêndio no Recife, onde um homem foi preso após a morte da esposa grávida e dos quatro filhos. Antes da sonora, Lula retomou o tema das penas previstas em lei.

“Essa semana teve um cara que pegou duas pistolas na mão e descarregou contra a mulher. Teve um outro que matou a mulher grávida com três filhos, tocou fogo na casa. Teve um outro que atropelou a mulher e arrastou ela por um quilômetro. Essa mulher vai sobreviver com as duas pernas amputadas. A pergunta que eu faço é a seguinte: o Código Penal brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse?”, questionou.

Lula reforçou que homens devem atuar na orientação de outros homens e na educação de filhos e colegas. Antes da sonora, ele ampliou o apelo à responsabilidade coletiva.

“Cada um de nós, homens, precisamos ser o professor do outro. Cada um de nós temos que educar nossos filhos, cada um de nós temos que educar nossos companheiros. Se você não está bem com sua companheira, por favor, seja grande, não bata nela, se separe dela. Se ela não gosta de você, ela não é obrigada a ficar com você, deixa ela cuidar da vida dela. Não aprisione essa pessoa, não seja malvado, não seja ignorante. Porque, pensando bem, não existe pena para punir um cara desse, porque até a morte é suave. É preciso que haja um movimento nacional dos homens, contra os animais que batem, que judiam, que maltratam as mulheres”, concluiu.

O presidente também ressaltou que foi criado apenas pela mãe, junto com cinco irmãos, e afirmou que recebeu educação para não praticar atos de violência contra mulheres. Ele defendeu uma campanha nacional conduzida por homens para conscientização sobre o tema.

“A partir de agora, eu estou num movimento dos homens que vão começar a conscientizar esse país de que homem não nasceu para bater em mulher, para estuprar criança ou fazer violência. Levante a mão quem está comigo nessa luta. Nós vamos fazer uma campanha forte”, enfatizou.

Dados sobre feminicídios

Feminicídio é o homicídio de uma mulher motivado por violência doméstica, discriminação ou menosprezo à condição feminina. No Brasil, é considerado crime hediondo, com pena de 12 a 30 anos quando qualificado.

Desde janeiro, 207 mulheres foram mortas no estado de São Paulo em crimes classificados como feminicídio. Apenas em outubro, foram registradas 22 vítimas e 5.838 casos de lesão corporal dolosa contra mulheres.

Expansão da Rnest

A Refinaria Abreu e Lima receberá cerca de R$ 12 bilhões para a conclusão do Trem 2 e manutenção do Trem 1. A previsão é que, até 2029, a unidade alcance capacidade de processamento de 260 mil barris por dia. O volume permitirá atender cerca de 17% da demanda nacional de diesel, além da produção de gasolina, GLP e nafta.


Com informações da Agência Brasil*

Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus