Chuvas extremas e ciclones deixam mais de 1.600 mortos no Sudeste Asiático; crise climática também agrava impactos na Amazônia

Eventos extremos revelam vulnerabilidade global: da devastação na Ásia à seca recorde, mortandade de peixes e contaminação por mercúrio na região amazônica

Mais de 1.600 pessoas morreram após semanas de chuvas torrenciais, enchentes, deslizamentos e a passagem de ciclones tropicais que castigam o Sudeste Asiático desde o fim de novembro. Milhões seguem afetados e centenas continuam desaparecidos.

A Indonésia é o país mais impactado, especialmente a ilha de Sumatra, onde o Ciclone Senyar desencadeou deslizamentos massivos e isolou comunidades inteiras. Sri Lanka, Tailândia e Malásia também enfrentam enchentes severas, destruição de infraestrutura, evacuações e riscos crescentes de doenças.

Fenômeno reforça a urgência da agenda climática

Especialistas reforçam que eventos extremos se tornaram mais intensos e frequentes devido ao aumento da temperatura global, desmatamento, uso irregular do solo e ausência de infraestrutura resiliente. A crise climática, antes teórica para muitos, agora se manifesta com força em escala global, dos grandes centros urbanos asiáticos às comunidades isoladas na Amazônia.

Crise climática na pauta da COP30

A escalada de desastres ambientais foi tema central da COP30, que ocorreu recentemente, em Belém (PA). A conferência, considerada histórica por acontecer pela primeira vez na Amazônia, colocou no centro das discussões os eventos climáticos extremos, financiamento climático para países em desenvolvimento, a adaptação de regiões vulneráveis e a proteção urgente das florestas tropicais.

Governos, cientistas e representantes de povos tradicionais reforçaram que o Sul Global já vive os impactos mais severos da crise climática, apesar de ser responsável por uma fração das emissões históricas. O Brasil apresentou dados sobre secas intensas na Amazônia, incêndios florestais, impactos na pesca e na segurança alimentar, além da contaminação de rios por mercúrio, que ampliam a vulnerabilidade das populações ribeirinhas.

Amazônia sente efeitos diretos: seca histórica, contaminação e riscos à saúde

Enquanto a Ásia enfrenta um ciclone devastador, a Amazônia viveu uma das secas mais severas das últimas décadas, cenário que especialistas também relacionam ao aquecimento global. Em 2023 e 2024, diversas regiões registraram peixes e botos mortos, rios acima de 39°C e comunidades inteiras isoladas por falta de navegabilidade.

Além da seca extrema, outro fator preocupa autoridades sanitárias e ambientais: a contaminação dos rios por mercúrio, intensificada pelo avanço da extraçãoilegal de ouro, em área como o Rio Madeira, próximas às Terras Yanomami e em regiões ribeirinhas do médio e alto Amazonas.

Essa contaminação, combinada ao consumo frequente de peixes, resultou em casos de rabdomiólise (popularmente conhecida como “urina preta”) doença grave que causa destruição muscular, dor intensa e risco de insuficiência renal.

Crise global exige respostas globais
A combinação de eventos extremos no Sudeste Asiático e na Amazônia reforça o alerta de cientistas: a crise climática já não é um problema do futuro, mas do presente.

Com informações: Agência Brasil
Foto: Divulgação
Por Ismael Oliveira – Redação Jovem Pan News Manaus