Da Amazônia para o mundo: China assume liderança global na produção de tambaqui

Peixe símbolo da Amazônia brasileira ganha escala industrial no mercado asiático, enquanto o Brasil mantém o domínio genético e tecnológico da espécie

No contexto global da aquicultura, o tambaqui (Colossoma macropomum) — espécie nativa da bacia amazônica — vem passando por uma transformação estratégica: de peixe regional consumido históricamente na Amazônia para commodity de alcance internacional, com liderança de produção industrial consolidada na China e o Brasil mantendo protagonismo técnico e genético, mas atrás em volume e produção em larga escala.

Segundo levantamentos do setor e reportagens especializadas sobre o mercado aquícola global, a China atualmente lidera a produção mundial de tambaqui em volume, ultrapassando o Brasil — país de origem da espécie e referência em genética e tecnologia de cultivo.

Dados de produção

Dados da EMBRAPA afirmam que em 2023, o Brasil produziu cerca de 113,6 mil toneladas de tambaqui, consolidando a espécie entre as mais relevantes da piscicultura nacional e o estado do Amazonas, o tambaqui responde por uma parte significativa da produção aquícola, contribuindo especialmente com sistemas de criação familiar e tecnificada — por exemplo, o estado registrou aproximadamente 6,2 mil toneladas em 2022, o que representou mais de 70% da produção total de pescado do Amazonas naquele ano.

 

O que isso representa para o Brasil e para a Amazônia


O Brasil continua sendo o berço genético e tecnológico do tambaqui, com instituições de pesquisa, bancos genéticos e técnicas de reprodução artificial desenvolvidas historicamente na região amazônica. Essa base científica é crucial para o avanço sustentável da espécie tanto internamente quanto em parcerias internacionais.

Entretanto, o fato de a China liderar em volume de produção industrial revela um diferencial de modelo: enquanto o Brasil ainda foca grande parte da produção para mercados regionais e consumo doméstico, a China consolidou uma estrutura industrial de escala global, com integração logística, processamento e capacidade de exportação contínua. Isso dá à China vantagem competitiva significativa no comércio internacional de proteína aquática.

Com demanda crescente no mercado nacional, o tambaqui consolida-se como um dos pilares da piscicultura brasileira, impulsionando inovação, sustentabilidade e geração de valor ao longo da cadeia produtiva.

A produção em cativeiro tornou-se estratégica para atender o consumo elevado do tambaqui, especialmente na região Norte, reduzindo a pressão sobre a pesca extrativa e garantindo regularidade de oferta. Principal espécie nativa da piscicultura nacional e a segunda mais cultivada no Brasil, o peixe vem sendo beneficiado por avanços tecnológicos e novas pesquisas que elevam a produtividade e fortalecem práticas sustentáveis no setor.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 113,6 mil toneladas de tambaqui em 2023, movimentando mais de R$ 1,2 bilhão na economia. Esse desempenho é sustentado por décadas de conhecimento técnico desenvolvido pela Embrapa e por parceiros públicos e privados, com destaque para sistemas intensivos de cultivo em tanques escavados com aeração diária, tecnologia que triplicou a produtividade média no Amazonas — de 6 para 18 toneladas por hectare — e hoje já é adotada em estados como Rondônia e Roraima, consolidando o tambaqui como vetor de segurança alimentar, emprego e renda no país.

Nutrição e sanidade de peixes

Ainda segundo a Embrapa Amazônia Ocidental, outras linhas de pesquisa também são direcionadas para a nutrição e a sanidade do tambaqui.  Pesquisas para a nutrição e a saúde de peixes contemplam estudos de estratégias alimentares, alternativas de ração para reduzir custos no sistema de produção e agregar valor nutricional, manejo de arraçoamento para evitar a degradação da qualidade da água de criação, práticas de manejo sanitário, tecnologias para o uso de produtos à base de plantas medicinais no tratamento e na prevenção de doenças e parasitas. Com esses novos conhecimentos, o objetivo é contribuir para o aumento da produtividade e maior sustentabilidade na atividade de piscicultura na região amazônica.

Práticas de manejo alimentar podem reduzir o custo com alimentação do tambaqui; é possível agregar valor nutricional na carcaça e filé de tambaquis com uso da sacha inchi, planta amazônica rica em ácido graxo ômega 3; a inclusão de ingredientes não convencionais, como o feijão caupi, na ração de matrinxãs e tambaquis pode ser utilizada com sucesso; produtos naturais, como resíduos de bananeira e sorgo, podem controlar a quantidade de parasitas sem comprometer o desempenho zootécnico; a levedura de cana-de-açúcar apresenta efeito probiótico em matrinxãs; e os resíduos da goiaba provenientes da agroindústria de polpa de frutas podem ser aproveitados na alimentação de tambaquis como um modelo de economia circular.

Impactos estratégicos

  • Para o Brasil: reforça o desafio de transformar conhecimento técnico em capacidade industrial maior, ampliando mercados externos e agregando valor à cadeia produtiva.
  • Para a Amazônia: evidencia o potencial biológico e tecnológico da região — que, se alinhado a políticas de escala e infraestrutura, pode reposicionar o Brasil como concorrente robusto no ranking mundial de aquicultura.

  • Para o mercado global: o tambaqui passa a ser um exemplo de como espécies nativas podem integrar cadeias globais de alimentos, descolando sua produção da região de origem quando estratégias industriais são aplicadas.

Para o mercado global e que ainda não tiveram acesso aos produtos da região norte do Brasil, fica o destaque para as infinitas possibilidades de commoditys assinadas com o nome da Amazônia brasileira. O que se apresenta como possibilidades para impulssionar, em larga escala, o mercado regional e mundial. Empresários brasileiros precisam abrir os olhos para novos selos exportados com o DNA amazônico.

 

 

Fonte: BNC Amazonas, GPG via portal especializado*

Por Tatiana Sobreira, da radação da Jovem Pan News Manaus