A assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia foi adiada e não ocorrerá neste sábado (20), como era esperado. A informação foi confirmada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a líderes do bloco, segundo as agências AFP e Reuters.
De acordo com fontes diplomáticas, von der Leyen informou que a conclusão do acordo foi postergada para janeiro de 2026, o que levou governos e agentes do mercado a revisarem as expectativas sobre o avanço do tratado, negociado há 25 anos.
A Comissão Europeia previa selar o pacto nesta semana, durante a reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas. O plano mudou após a Itália se alinhar à França na defesa de um adiamento, com a exigência de medidas adicionais de proteção aos agricultores europeus.
O acordo prevê a redução ou eliminação gradual de tarifas de importação e exportação, além da adoção de regras comuns para comércio de bens industriais e agrícolas, investimentos e padrões regulatórios. As discussões sobre o texto se intensificaram com o início da cúpula europeia, que segue até esta sexta-feira (19).
A França mantém a principal resistência ao tratado. O presidente Emmanuel Macron afirmou que o país não apoiará o acordo sem novas salvaguardas para o setor agrícola. Segundo ele, o texto atual não oferece garantias suficientes aos produtores franceses.
Enquanto isso, Alemanha e Espanha defendem o avanço do acordo firmado politicamente em 2024 com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Para esses países, o tratado pode ajudar a mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos europeus e reduzir a dependência econômica em relação à China.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que o país pode apoiar o acordo, desde que as demandas dos agricultores italianos sejam atendidas. Segundo ela, a decisão depende de ajustes a serem feitos pela Comissão Europeia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que conversou por telefone com Meloni, que relatou enfrentar pressão política interna, mas disse não ser contrária ao acordo. Lula declarou que a Itália pode aderir ao tratado em poucas semanas.
Durante a reunião do Conselho Europeu, agricultores de diversos países protestaram em Bruxelas contra a política agrícola do bloco e contra o acordo com o Mercosul. Houve bloqueios com tratores, confrontos com a polícia e registro de ao menos um ferido, segundo autoridades locais.
A aprovação do tratado depende de maioria qualificada no Conselho Europeu, com apoio de ao menos 15 dos 27 países da União Europeia, que representem 65% da população do bloco. A expectativa de ratificação ainda em 2025 foi descartada.
Foto: Geert Vanden Wijngaert/AP
Com informações do G1*
Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus






