Atraso escolar entre crianças de 6 a 10 anos supera nível pré-pandemia, aponta IBGE

Síntese de Indicadores Sociais mostra que percentual de estudantes na série adequada ainda não voltou ao patamar de 2019.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta quarta-feira (3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a proporção de crianças de 6 a 10 anos na série adequada ainda não retornou ao nível registrado antes da pandemia de covid-19. Em 2024, 90,7% estavam na etapa prevista, percentual semelhante ao de 2023 (90,8%), porém inferior ao índice de 2019, quando o indicador era de 95,7%.

O cálculo é feito por meio da taxa ajustada de frequência escolar líquida (Tafel), que considera a proporção de estudantes na etapa compatível com sua idade ou que já a concluíram. A pesquisa não foi aplicada em 2020 e 2021. Em 2022, o índice estava em 91,9%.

O IBGE aponta que o atraso ainda reflete o impacto da pandemia, especialmente na entrada de crianças na pré-escola, etapa obrigatória a partir dos 4 anos.

Sobre esse cenário, a analista do IBGE, Luanda Chaves Botelho, afirmou que o atraso inicial segue influenciando o ingresso no ensino fundamental.

“Decorre, principalmente, do atraso da entrada das crianças na pré-escola no período pandêmico, repercutindo ainda no ingresso no ensino fundamental”, disse.

Crianças de 11 a 14 anos também estão fora da meta do PNE

Entre estudantes de 11 a 14 anos, 89,1% estavam na série adequada em 2024. O número supera o período pré-pandemia (87,4%), mas ainda não atinge a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê 95% dos jovens de 14 anos com ensino fundamental concluído.

A pesquisa também mostra que a frequência escolar de crianças até 5 anos segue abaixo das metas estabelecidas. Entre crianças de até 3 anos, 39,7% frequentavam creches — o PNE estabelece objetivo de 50%. Apesar disso, é o maior percentual desde o início da série histórica, em 2016.

Na faixa de 4 a 5 anos, 93,5% estavam na pré-escola, maior proporção desde 2016, superando os 93% de 2023. A meta, nesse caso, é a universalização.

Motivos para ausência escolar

O principal motivo para crianças de até 5 anos estarem fora da escola é a decisão dos pais ou responsáveis — 59,9% no grupo de até 3 anos e 48,1% entre 4 e 5 anos. A falta de vagas, inexistência de escolas ou recusa por idade aparece como segunda razão mais frequente (33,3% e 39,4%, respectivamente).

Anos de estudo e desigualdades

A média de anos de estudo entre jovens de 18 a 29 anos chegou a 11,9 anos em 2024, acima dos 11,1 anos registrados em 2016, mas ainda abaixo da meta de 12 anos estabelecida pelo PNE.

A pesquisa evidencia desigualdades: jovens brancos têm média de 12,5 anos de estudo, enquanto pretos e pardos registram 11,5 anos. No recorte por renda, os 25% mais pobres têm média de 10,6 anos de estudo, enquanto os 25% mais ricos chegam a 13,5 anos.


Com informações da Agência Brasil*

Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus