Uma decoração natalina produzida a partir de resíduos de pesquisas científicas com bambu tem chamado atenção pela proposta de unir sustentabilidade, reaproveitamento de materiais e divulgação do conhecimento científico. A iniciativa integra o projeto Natal com Bambu, desenvolvido por grupos de pesquisa dedicados ao estudo do material e a ações de educação ambiental, com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).
A ação é coordenada pela arquiteta e pesquisadora Marilene Sá Ribeiro, que há quase 20 anos desenvolve estudos voltados à habitação de baixo impacto ambiental, arquitetura sustentável e uso tecnológico do bambu amazônico. O projeto articula pesquisa aplicada e comunicação científica, utilizando materiais que não seriam mais empregados em experimentos laboratoriais.
Os arranjos natalinos são confeccionados com resíduos e refugos de bambu descartados após testes científicos e tecnológicos. Em vez de serem inutilizados, esses materiais ganham nova função por meio de peças decorativas, reforçando conceitos ligados à economia circular e ao uso responsável de recursos naturais.
“Na produção dos arranjos natalinos com bambu são utilizados resíduos provenientes das pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas pelos grupos HaBImpacto e A&C Verde. Trata-se de uma forma de reaproveitamento de materiais que reforça os princípios da economia circular e da sustentabilidade”, explica Marilene Sá Ribeiro.
Segundo a pesquisadora, existem mais de 1.250 espécies de bambu catalogadas no mundo. No Brasil, são cerca de 250 espécies nativas, com predominância na Amazônia e na Mata Atlântica. Os estudos desenvolvidos na região utilizam principalmente as espécies Bambusa vulgaris Vittata, Dendrocalamus asper e Guadua angustifolia, escolhidas pela abundância local e pelas características sustentáveis de cultivo, manejo e aplicação.
As pesquisas apontam o bambu como um dos materiais renováveis mais promissores da atualidade. Dependendo da espécie, o tempo de colheita pode chegar a cerca de quatro anos, além da capacidade de regeneração natural por meio de rizomas subterrâneos, o que reduz impactos ambientais e dispensa replantio.
Na área da construção civil, estudos indicam que o bambu apresenta propriedades mecânicas relevantes, como resistência à tração, compressão e flexão, permitindo aplicações em acabamentos e também em elementos estruturais, como vigas, pilares e sistemas para grandes vãos.
Para a coordenadora do projeto, o Natal com Bambu representa uma ação de divulgação científica que ultrapassa o ambiente acadêmico e demonstra, mesmo em escala experimental, o potencial de uso do material em soluções sustentáveis.
“A iniciativa aponta possibilidades de design, comercialização e infraestrutura, mostrando que ciência, estética e consciência ambiental podem caminhar juntas”, destacou.
Com Informações do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus






