Bioeconomia em foco: Amazônia se consolida como polo de soluções tecnológicas e negócios verdes

Encontro regional reúne instituições, pesquisadores e empresas para discutir inovação, investimentos e novos modelos produtivos baseados na floresta

A Amazônia vive um novo ciclo de reposicionamento econômico. Antes vista apenas como território de conservação, a região passa a ser reconhecida como um ambiente estratégico para investimentos que unem bioeconomia, tecnologia e impacto social. Nesse cenário, Manaus desponta como polo de inovação, chamando a atenção de pesquisadores, instituições e parceiros que atuam na criação de negócios sustentáveis.

Esse movimento ficou evidente durante o II Encontro do Ecossistema de Inovação da Amazônia Ocidental e Amapá, realizado pela Suframa com a participação de organizações como o Idesam, além de empresas, ICTs, incubadoras e startups. O evento, realizado nos dias 6 e 7 de novembro, discutiu políticas de fomento, pesquisa, desenvolvimento e inovação para impulsionar a economia da região.

Durante o encontro, foram apresentados avanços do setor produtivo e de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), especialmente aqueles estimulados pela Lei de Informática da Zona Franca de Manaus. Empresas do Polo Industrial, iniciativas de pesquisa e negócios de impacto exibiram projetos e soluções voltadas para cadeias produtivas sustentáveis.

No hall da autarquia, o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) apresentou quatro produtos desenvolvidos na região: bioplásticos produzidos a partir de caroços de tucumã, bolsas de couro de pirarucu, cosméticos à base de cupuaçu e biofertilizantes derivados do açaí — todos exemplos da aplicação direta da biodiversidade em produtos de valor agregado.

O diretor de Inovação em Bioeconomia do Idesam, Carlos Koury, participou das discussões sobre parcerias entre ICTs e setor produtivo e destacou que os desafios são compartilhados entre capital e interior, especialmente no acesso a mercados consumidores. Segundo ele, o ponto de partida é transformar conhecimento em soluções de mercado.

“Cada vez mais levamos essa informação e debatemos o tema. Hoje, já existem iniciativas de maturação de conhecimento para soluções de mercado, com pesquisadores testando tecnologias que geram propostas mais efetivas de negócios. Um bom pesquisador pode se tornar um ótimo empreendedor.”

Koury também ressaltou o momento favorável para a inovação na região.

“O desenvolvimento sustentável sempre foi feito com inovação. Para isso, é preciso coragem para romper com os laços antigos. Vivemos um tempo propício para isso na Amazônia.”

A discussão também abordou a importância de metas mais ambiciosas nos Programas Prioritários, com a participação de indústrias e instituições de pesquisa para fortalecer cadeias produtivas e interiorizar a economia regional.

A Lei nº 8.387/1991 determina que empresas de tecnologia da Zona Franca invistam 5% do faturamento bruto em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) na Amazônia Ocidental e Amapá. Esses recursos são direcionados para universidades, startups, ICTs, incubadoras e programas prioritários como o PPBio, que há sete anos coordena projetos voltados à bioeconomia regional.

Somente em 2025, dez novos projetos foram iniciados pelo PPBio, envolvendo cadeias como açaí, cupuaçu, abacaxi, mandioca brava, jambu, jucá e alecrim-da-Amazônia. Entre as iniciativas apoiadas estão o desenvolvimento de destilados amazônicos, a padronização de bebidas à base de açaí, a conexão de produtos da floresta com novos mercados e a criação de corantes naturais a partir da mandioca brava.

Outros projetos focam na pesquisa de insumos vegetais amazônicos voltados para cosméticos e produtos farmacêuticos, incluindo gel cicatrizante, nanotecnologia aplicada a tratamentos tópicos e membranas bioativas de kefir — exemplos de como ciência e biodiversidade podem resultar em produtos de alto valor agregado.

Ao integrar conhecimento científico, conservação ambiental e oportunidades de mercado, a Amazônia fortalece um modelo de desenvolvimento que alia renda, inovação e floresta em pé.

 

 

 

Com Informações do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia

Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus