A bolsa de valores do Brasil encerrou 2025 com valorização de 33,95%, o maior avanço anual desde 2016. O desempenho foi registrado pelo Ibovespa, indicador que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.
Na prática, o Ibovespa funciona como um termômetro do desempenho médio das principais empresas listadas na bolsa. Ao longo de 2025, o índice acumulou 32 recordes de fechamento, de acordo com dados da B3, número que não era registrado desde 2019.
O resultado chama atenção porque ocorreu em um cenário de juros elevados no Brasil. A taxa básica de juros, a Selic, encerrou o ano em 15% ao ano, o maior patamar em cerca de 20 anos — nível que, historicamente, costuma favorecer aplicações de renda fixa em detrimento da bolsa.
Influência do cenário internacional
Entre os principais fatores que sustentaram a valorização da bolsa brasileira está o ambiente externo. Em 2025, o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, promoveu cortes na taxa de juros, reduzindo a atratividade dos títulos do governo americano, considerados os mais seguros do mundo.
Com retornos menores nos Estados Unidos, investidores passaram a buscar alternativas em mercados emergentes. Nesse movimento, ativos brasileiros ganharam espaço nos portfólios internacionais, favorecendo a entrada de capital estrangeiro na bolsa.
“A redução dos juros americanos diminui o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA e abre espaço para realocação de recursos em outros mercados”, explica Lauro Sawamura Kubo, gestor da Patagônia Capital.
Ações negociadas abaixo do potencial
Outro fator apontado por analistas foi o nível de preço das ações brasileiras. Empresas consideradas sólidas ainda eram negociadas abaixo dos valores registrados antes da pandemia, o que atraiu investidores em busca de valorização.
“A bolsa brasileira demorou mais para se recuperar do que outros mercados. Isso criou oportunidades”, avalia Marcos Praça, diretor de análise da ZERO Markets Brasil.
Segundo especialistas, esse movimento levou investidores a antecipar compras, apostando em uma correção gradual dos preços ao longo do tempo.
Juros altos hoje, expectativas para 2026
Apesar da Selic elevada, o mercado financeiro opera com base em expectativas futuras. Projeções indicam que o ciclo de juros pode começar a mudar a partir de 2026, o que tende a favorecer o mercado de ações.
“A bolsa reage à antecipação de cenários. A valorização em 2025 indica que o mercado já olha para o médio e longo prazo”, afirma Harrison Gonçalves, membro do CFA Society Brazil.
Fiscal segue no radar
As preocupações com as contas públicas brasileiras, embora presentes, perderam protagonismo ao longo de 2025 diante do cenário externo mais favorável e dos preços atrativos das ações. Especialistas, no entanto, alertam que o tema deve voltar ao centro do debate, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.
“O risco fiscal continua elevado. Ele apenas ficou em segundo plano temporariamente”, pontua Lauro Sawamura Kubo.
O que esperar para 2026
Para o próximo ano, marcado pelo calendário eleitoral, analistas projetam maior volatilidade no mercado. A combinação entre possível queda da Selic e mudanças no ambiente político pode sustentar novos movimentos de valorização, mas também aumenta o nível de incerteza.
Estimativas de mercado apontam que o principal indicador da bolsa pode oscilar entre 170 mil e 200 mil pontos em 2026, a depender do cenário econômico, político e fiscal.
“O comportamento do mercado reflete a interação entre economia, política e percepção de risco”, resume Einar Rivero, da Elos Ayta.
Com Informações do G1
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus






