Brasil busca apoio dos EUA para frear lavagem de dinheiro via paraísos fiscais, diz Haddad

Após operação que mira fraude no setor de combustíveis, ministro defende articulação internacional para rastrear remessas ilegais e recuperar ativos no exterior.

No mesmo dia em que a Receita Federal deflagrou uma operação de grande porte contra fraudes no setor de combustíveis, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil negocia uma ação conjunta com os Estados Unidos para combater evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo o ministro, investigações recentes revelaram que organizações criminosas usam o estado de Delaware como destino para remessas não declaradas, que retornam ao país disfarçadas de investimento estrangeiro. Apenas na operação mais recente, autoridades identificaram R$ 1,2 bilhão enviados ilegalmente ao exterior por fundos ligados ao esquema.

Haddad informou ainda que o governo federal acionou a Polícia Federal para atuar na recuperação de ativos no exterior e levar o caso à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Um relatório de 300 páginas foi enviado ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, detalhando movimentações financeiras e estruturas utilizadas para ocultar valores. Paralelamente, o ministro reforçou o pedido para que a Câmara dos Deputados conclua a votação do projeto que cria o regime de “devedor contumaz”, mecanismo para punir empresas e indivíduos que sonegam de forma reiterada — proposta já aprovada no Senado.

A Operação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta-feira (27), cumpriu mandados em cinco estados para desarticular um esquema de sonegação e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. É um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que, em etapas anteriores, já havia resultado no fechamento de postos em três estados do Nordeste. Segundo a Receita, 17 fundos investigados somam patrimônio de cerca de R$ 8 bilhões, muitos deles estruturados com um único cotista para ocultar beneficiários. A operação de hoje bloqueou parte desses valores, reforçando o foco das autoridades em atingir não apenas operadores diretos, mas também financiadores de alto volume.

 

Com Informações da Agência Brasil

Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus