Brasil propõe criação do ClimateStack como acelerador de enfrentamento às mudanças climáticas

Proposta apresentada pelo ITS Rio e coordenada por Ronaldo Lemos busca integrar dados, finanças e tecnologias para monitorar e financiar ações climáticas em tempo real

O Brasil apresentou, nesta terça-feira (4/11), uma proposta inédita de Infraestrutura Digital Pública Global para o Clima (Climate DPI), elaborada a pedido do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. O documento foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) em parceria com o pesquisador Ronaldo Lemos, no âmbito do Conselho Consultivo de Alto Nível em Tecnologia da Presidência da COP30.

A iniciativa propõe a criação de um sistema digital global que possa ser utilizado por governos, organizações e comunidades para monitorar, financiar e coordenar políticas climáticas em tempo real. O projeto busca superar a fragmentação das iniciativas internacionais e criar uma base tecnológica comum para a transição verde.

Arquitetura digital para o clima

Batizada de ClimateStack, a proposta é estruturada em cinco camadas interconectadas:

  • Identificação digital – criação de registros únicos para pessoas, organizações e ativos vinculados a projetos climáticos, permitindo rastrear todo o ciclo de uma ação, do investimento à redução de emissões;

  • Pagamentos e transações – uso de sistemas interoperáveis e contratos inteligentes para transferências, compensações e emissão de créditos de carbono;

  • Dados abertos – integração de satélites, sensores e observações locais em grandes bancos de dados climáticos com governança ética e padrões abertos;

  • Aplicações – desenvolvimento de serviços públicos digitais como alertas de desastres, monitoramento de florestas e mercados de carbono;

  • Acesso universal – garantia de alcance às populações vulneráveis por meio de múltiplas interfaces, como web, SMS e rádios comunitárias.

Segundo o relatório, o Climate DPI pode ter o mesmo papel no século XXI que as rodovias e ferrovias tiveram no século XX, servindo como base para o desenvolvimento sustentável global.

Tecnologias e impactos esperados

O projeto se apoia em tecnologias já existentes, como os sistemas de observação da Terra — GEOSS, Copernicus e INPE/PRODES —, além de ferramentas de alerta rápido, inteligência artificial e finanças climáticas digitais baseadas em blockchain.

Com essa integração, espera-se alcançar resultados concretos, como:

  • Monitoramento em tempo real de emissões e desmatamento;

  • Maior transparência nos mercados de carbono;

  • Redução de até 40% no tempo de resposta a desastres naturais;

  • Cobertura global de alertas climáticos até 2035.

Legado digital da COP30

O relatório propõe que o Climate DPI seja lançado oficialmente durante a COP30, em Belém, como projeto legado do Brasil, estabelecendo uma infraestrutura digital pública voltada à ação climática global.

A proposta tem como meta transformar a tecnologia em uma espinha dorsal operacional do Acordo de Paris, permitindo que os compromissos assumidos pelos países sejam monitorados e avaliados com transparência e base em dados em tempo real.


Com informações da COP30

Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus