Cadeia produtiva do açaí fortalece renda e segurança alimentar na Tríplice Fronteira, aponta pesquisa

Estudo da UEA, com apoio da Fapeam, analisa extração, transporte e comercialização do fruto no Alto Solimões

A cadeia produtiva do açaí na região da Tríplice Fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru contribui diretamente para a geração de renda e para a segurança alimentar das comunidades locais. A constatação é de uma pesquisa científica desenvolvida por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Intitulada “Sabores sustentáveis na Tríplice Fronteira: redes, soberania e segurança alimentar do açaí e do mapati”, a pesquisa foi financiada pelo Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas e coordenada pelo doutor em Geografia Jonas Dias de Souza.

De acordo com o estudo, a extração do açaí garante renda a extrativistas por meio da comercialização do produto, ao mesmo tempo em que integra a base alimentar das famílias da região, seja pelo consumo in natura ou pelo uso em preparações locais. O mesmo comportamento foi observado na cadeia do mapati, utilizado como referência comparativa.

A análise comparativa mostrou que o açaí e o mapati circulam predominantemente em redes locais de produção, distribuição e consumo, sem diferenças estruturais relevantes entre os dois alimentos. As distinções observadas estão relacionadas à forma dos frutos e à localização das áreas de extração. Como resultado, os pesquisadores elaboraram um mapa com as principais redes locais dessas cadeias produtivas.

“O estudo analisou comparativamente a produção e a distribuição do açaí e do mapati na Tríplice Fronteira sob a ótica da segurança e da soberania alimentar, além da sustentabilidade, em alinhamento com a Agenda 2030 das Nações Unidas”, explicou o coordenador da pesquisa.

Extração, transporte e comercialização

O açaí, amplamente consumido na Amazônia e em outras regiões do país, teve seus processos de extração, transporte e preparo analisados em profundidade. A pesquisa identificou saberes tradicionais associados à atividade extrativista, que orientam desde a localização dos frutos até as técnicas de coleta e deslocamento pelos rios e igarapés da região.

“Existe uma identificação social dos extratores de açaí que envolve técnicas, procedimentos e saberes que vão da orientação pelas matas, rios e igarapés até as práticas de extração”, detalhou Jonas Dias de Souza.

O trabalho de campo incluiu entrevistas com extrativistas, transportadores e comerciantes nos municípios de Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga e São Paulo de Olivença. As atividades presenciais ocorreram em Atalaia do Norte e Benjamin Constant, onde os pesquisadores acompanharam a coleta do açaí e do mapati.

A expectativa é que os resultados do estudo sirvam de subsídio para futuras ações voltadas ao fortalecimento da soberania alimentar das comunidades extrativistas da região.

“Esperamos que os dados levantados contribuam para a formulação de políticas públicas municipais e estaduais, com foco no aumento de renda e no fortalecimento das identidades locais”, afirmou o pesquisador.

Apoio à pesquisa

Segundo o coordenador, o apoio da Fapeam foi essencial para viabilizar a execução do estudo no interior do Estado.

“O apoio da Fapeam foi fundamental para garantir os recursos necessários à execução do projeto, como combustível, diárias, equipamentos de informática, GPS, máquinas fotográficas e impressoras”, concluiu.

O Programa Universal Amazonas financia pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas.

 

 

Com Informações da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas

Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus