Caso Dom e Bruno: testemunhas ligam ‘Colômbia’ à liderança da pesca ilegal

Depoimentos na Justiça Federal em Tabatinga (AM) detalham esquema criminoso no Vale do Javari e o papel de Rubén Dario da Silva Villar
Fórum da Justiça Federal em Tabatinga (AM), local da audiência de instrução e julgamento sobre a organização criminosa ligada à pesca ilegal no Vale do Javari - Foto: Arte/Agência Brasil

 

A audiência de instrução e julgamento do processo que investiga uma organização criminosa ligada à pesca ilegal na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, prossegue nesta sexta-feira (17), na Justiça Federal em Tabatinga. O processo inclui como réus Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, e outras oito pessoas. “Colômbia” e “Pelado” são acusados de envolvimento nas mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira.

Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram em 5 de junho de 2022, quando realizavam uma expedição na região do Vale do Javari. Eles foram vistos pela última vez em uma embarcação que seguia da comunidade de São Rafael para Atalaia do Norte. A audiência começou na quinta-feira (16).

Depoimentos da Acusação Citam ‘Colômbia’

Na quinta-feira, foram ouvidas as testemunhas de acusação do Ministério Público Federal (MPF). Uma testemunha, cuja identidade não foi revelada, afirmou ter presenciado encontros de pescadores nos quais “Colômbia” era citado como líder de um grupo criminoso responsável por financiar a pesca e a caça ilegal na Terra Indígena Vale do Javari.

Um representante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) prestou depoimento e confirmou que o pescado extraído ilegalmente da região era comercializado com “Colômbia” na cidade de Islândia, no Peru.

Uma servidora da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) relatou ter recebido ameaças de pescadores em Atalaia do Norte após uma fiscalização que resultou na destruição de redes usadas pelo grupo.

Continuidade e Denúncia do MPF

No período da tarde da quinta-feira, foram ouvidas as testemunhas de defesa e os réus Amarildo da Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas de Oliveira, Eliclei Costa de Oliveira, Janio Freitas de Souza, Otávio da Costa de Oliveira e Laurimar Lopes Alves.

Nesta sexta-feira (17), a audiência deve continuar com os depoimentos de Manoel Raimundo Correa, Francisco Lima Correa, Paulo Ribeiro dos Santos e Rubén Dario Villar, o “Colômbia”.

Segundo a denúncia do MPF, “Colômbia” liderava uma organização criminosa com atuação em Benjamin Constant e Atalaia do Norte, especializada em pesca e caça ilegal, além de tráfico de munições.

Envolvimento de ‘Colômbia’ no Caso Bruno e Dom

O peruano Rubén Villar, apelidado de “Colômbia”, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) em 1º de novembro de 2024 como mandante dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips.

A investigação da PF apurou que “Colômbia” forneceu cartuchos para a execução, patrocinou as atividades do grupo criminoso e coordenou a ocultação dos corpos. A PF concluiu que os assassinatos foram motivados pelas fiscalizações conduzidas por Bruno Pereira na área.

“Colômbia” foi preso em flagrante por uso de documento falso em 8 de junho de 2022, ao se apresentar na PF em Tabatinga, onde negou envolvimento nas mortes. As autoridades constataram que ele é suspeito de chefiar um grupo de pesca ilegal no Vale do Javari e de envolvimento com tráfico de drogas na região de tríplice fronteira. A PF indicou que o traficante pagava despesas de pescadores ilegais e usava carregamentos de pescado para esconder cocaína.

Ele chegou a ser solto provisoriamente em outubro de 2022, mas foi novamente preso em dezembro do mesmo ano por descumprimento das condições impostas pela Justiça, sendo transferido para um presídio de segurança máxima.

Os Crimes e Outros Réus

Dom Phillips investigava para o livro “How to save the Amazon?”, que documentaria a preservação indígena. Os corpos dos dois foram encontrados em 15 de junho de 2022. A polícia concluiu que foram mortos a tiros e os corpos esquartejados, queimados e enterrados.

Além de “Colômbia”, respondem pelo crime Amarildo da Costa de Oliveira (“Pelado”), Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Santos”) e Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”).

Amarildo e Jefferson, que permanecem presos, serão julgados por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáveres. Oseney aguarda o julgamento em prisão domiciliar.

O MPF também denunciou os pescadores Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa Oliveira pelo uso de um menor de idade para auxiliar na ocultação dos corpos, além do delito de ocultação de cadáver.

Com informações G1. 

Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus

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