A comunidade científica divulgou nesta quarta-feira (19), uma crítica ao texto em discussão na COP30, afirmando que o documento, chamado de “caminho”, não garante avanços para redução de emissões. A manifestação ocorreu no Pavilhão de Ciência Planetária, na Zona Azul da conferência, onde pesquisadores apresentaram uma declaração com apontamentos sobre a proposta em negociação.
Segundo os cientistas, o texto atual não define ações compatíveis com o necessário para proteger populações e ecossistemas. A declaração classifica como inadequadas as propostas de eliminação gradual de combustíveis fósseis e de fim do desmatamento. Para o grupo, um roteiro climático precisa estabelecer metas claras e prazos objetivos.
Após duas linhas de contextualização sobre o envio do documento e a reunião com autoridades brasileiras, os pesquisadores relataram a entrega do texto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Carlos Nobre, o presidente disse esperar que as recomendações dos cientistas sejam consideradas pelos negociadores.
Nobre afirmou que o alerta apresentado trata de metas consideradas essenciais.
“Zerar os combustíveis fósseis é algo que precisa ser feito até 2040, no máximo 2045. O outro mapa do caminho é zerar totalmente o desmatamento, a degradação e o fogo. Tudo isso precisa ser zerado”, disse o climatologista.
Ele informou ainda que, a pedido da secretária executiva da COP30, Ana Toni, foi criado o primeiro Painel Científico para a Transição Energética, que será lançado em abril, em Bogotá, durante conferência internacional sobre o tema.
Antes da próxima sonora, os cientistas ampliaram a crítica ao conteúdo em discussão, destacando a ausência de metas específicas para redução de gases de efeito estufa.
“O que está sendo negociado, por não contemplar o corte de emissões de gases-estufa, está totalmente fora da realidade do planeta e da urgência da crise climática”, destacou John Rockstrom.
No texto entregue, os pesquisadores afirmam que o orçamento de carbono — cálculo do que já foi emitido e do que ainda pode ser liberado — precisa ser mantido como referência. Retirá-lo da negociação, segundo eles, equivale a desconsiderar a situação climática atual.
A declaração, assinada por Carlos Nobre, John Rockstrom, Thelma Krug, Paulo Artaxo, Marina Hirota, Fatima Denton e Piers Forster, afirma que as emissões globais devem começar a cair imediatamente e alcançar emissões zero de combustíveis fósseis até 2040, ou no limite até 2045.
Os cientistas estimam que é necessário reduzir as emissões de CO₂ de origem fóssil em pelo menos 5% ao ano a partir de agora. O grupo afirma que essa redução é essencial para evitar impactos climáticos graves e de alto custo social.
O documento também aponta que o orçamento de carbono remanescente está próximo do limite, com cerca de 130 bilhões de toneladas de CO₂ restantes, o equivalente a três ou quatro anos de emissões globais na taxa atual. Esse cálculo, segundo os climatologistas, deve orientar políticas climáticas de longo prazo.
Com informações do O Globo*
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus






