Cuidado obstétrico de mulheres indígenas volta ao centro do debate em seminário na Bahia

Encontro discutiu impactos do racismo no atendimento obstétrico e reuniu especialistas para fortalecer práticas humanizadas voltadas a povos indígenas e outros grupos vulnerabilizados

A relação entre racismo institucional e mortalidade materna entre mulheres indígenas foi tema central do I Seminário: Racializando o Cuidado Obstétrico, realizado em Salvador (BA). O encontro buscou qualificar a rede de atenção à saúde e ampliar o debate sobre como práticas discriminatórias impactam diretamente o acesso, a segurança e a sobrevivência de gestantes indígenas e negras. Segundo o IBGE, 233 povos indígenas vivem na Bahia, muitos enfrentando barreiras históricas no atendimento obstétrico do SUS.

Durante o painel sobre os “atravessamentos do racismo no cuidado obstétrico”, a coordenadora de Articulação Interfederativa de Saúde da Funai, Rachel Geber, destacou o peso das desigualdades.

“Os dados publicados pelo Ministério da Saúde indicam que as mulheres indígenas são as mais afetadas pela morte materna. Para reduzir os piores índices de saúde, é necessário ampliar a discussão sobre o racismo e sobre o atendimento humanizado relacionado às diversas culturas indígenas”, afirmou.

A palestra da Funai abordou ainda o papel do órgão no enfrentamento à violência obstétrica contra mulheres indígenas.

O evento reuniu representantes da rede pública, profissionais do Dsei-BA e especialistas que discutiram estratégias para um cuidado obstétrico mais seguro e intercultural. Uma das ações anunciadas foi o lançamento do Guia Informativo sobre Racismo Obstétrico, elaborado pela Secretaria de Saúde da Bahia. O documento orienta profissionais e usuários a reconhecer racismo institucional, reduzir práticas discriminatórias e promover ambientes acolhedores durante todo o ciclo gravídico-puerperal.

As discussões do seminário foram seguidas de visitas técnicas, entre os dias 19 e 20 de novembro, a áreas de atendimento ao povo Pataxó. Em Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, equipes da Funai e de saúde indígena se reuniram com lideranças e profissionais locais para avaliar desafios no acesso ao cuidado obstétrico e mapear ações necessárias para fortalecer a atenção às comunidades.

 

Com Informações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas

Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus