Debate no Senado cobra inclusão de válvula para tratar hipertensão intracraniana no SUS

Audiência pública discute tecnologia que pode evitar perda de visão e aguarda avaliação da Conitec
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

Parlamentares, médicos e pacientes defenderam nesta segunda-feira (15), a inclusão, no Sistema Único de Saúde (SUS), de novas tecnologias para o tratamento da hipertensão intracraniana idiopática (HII). A doença é caracterizada pelo aumento da pressão dentro da cabeça e pode levar à perda da visão, atingindo principalmente mulheres.

O tema foi discutido em audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), por iniciativa da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP). A parlamentar solicitou a incorporação de uma válvula programável entre os equipamentos disponíveis no SUS para o tratamento da HII. O pedido depende de análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

Em março deste ano, segundo a senadora, foi encaminhada indicação ao Ministério da Saúde para a incorporação de tecnologias voltadas ao manejo da HII. Até o momento, não houve resposta oficial.

Participou do debate o médico Fernando Campos Gomes Pinto, chefe da Unidade de Hidrodinâmica Cerebral do Grupo de Neurocirurgia Funcional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele criticou a demora na avaliação da Conitec para a inclusão da válvula programável, produzida no Brasil.

A válvula permite o controle do fluxo do líquor, com ajustes não invasivos, e pode ser utilizada tanto em pacientes com hipertensão intracraniana idiopática quanto em casos de hidrocefalia. O médico destacou que a tecnologia já é utilizada em outros países e que, em 2026, São Paulo sediará um congresso mundial sobre hidrocefalia.

Pacientes também relataram dificuldades de acesso ao equipamento pelo SUS. Giselle Maria Santos de Siqueira afirmou que pessoas com HII enfrentam impactos no trabalho, nos estudos e na rotina, além de prejuízos à saúde emocional. Segundo ela, o acesso à válvula pelo SUS costuma ocorrer após longas esperas, negativas administrativas ou por meio de decisões judiciais, o que pode agravar o quadro clínico.

O debate reforçou a necessidade de avaliação especializada, prioridade no atendimento e tratamentos multidisciplinares para pessoas com HII, além da decisão sobre a incorporação da válvula programável ao SUS.

 

Fonte: Agência Senado

Por Haliandro Furtado – da redação da Jovem Pan New Manaus