Dieta da Amazônia: frutas regionais são aliadas da saúde e rivalizam com a dieta do Mediterrâneo

Ricas em antioxidantes e compostos bioativos, frutas amazônicas como guaraná, açaí e camu-camu fortalecem o coração, ajudam no controle do diabetes e inspiram estudos sobre longevidade na região
Foto: reprodução/Fapeam/ BANCO ATIVO DE GUARANA FOTOS ERICO XAVIER

Com uma das maiores biodiversidades do planeta, a Amazônia abriga frutos capazes de transformar a alimentação e a saúde do corpo.

Algumas espécies como guaraná, açaí, camu-camu, pupunha e cubiu são ricas em compostos bioativos, antioxidantes e fibras, propriedades que auxiliam na redução do colesterol, controle do diabetes, combate à obesidade e prevenção de doenças cardíacas.

De acordo com pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e apoiadas pela Fapeam, frutos amazônicos possuem potencial funcional comparável ao de alimentos presentes na dieta do Mediterrâneo, tradicionalmente reconhecida por seus benefícios cardiovasculares e metabólicos.

Enquanto a dieta mediterrânea é baseada em azeite de oliva, peixes, grãos integrais e frutas cítricas, a “dieta amazônica” se destaca pela abundância natural de frutas antioxidantes e oleaginosas nativas, como castanha-do-pará, tucumã, taperebá e guaraná, com efeitos semelhantes na promoção da saúde.

A pesquisadora Francisca Souza, doutora em Biotecnologia pelo Inpa, lidera o projeto “Frutos amazônicos para a produção de alimentos funcionais”, que analisa o uso de espécies regionais na prevenção de distúrbios metabólicos, como hiperlipidemias e hiperglicemias. O estudo inclui o desenvolvimento de farinhas e suplementos encapsulados de camu-camu e cubiu, testados em pacientes com diabetes e colesterol alto. Os resultados iniciais mostram redução significativa de glicose e gordura no sangue, além de melhora nos marcadores de inflamação.

Além de nutrir, esses alimentos também inspiram estudos sobre longevidade. O médico e pesquisador Dr. Euler Ribeiro, fundador e atual presidente da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), é autor do livro “A Longevidade de Maués e o Guaraná”, em que descreve a relação entre o consumo do guaraná e a expectativa de vida da população do município de Maués (AM). Segundo o pesquisador, os habitantes da região, consumidores assíduos do fruto,  apresentam índices mais baixos de doenças cardiovasculares, metabólicas e longevidade.

“O guaraná é um símbolo de energia e saúde. O consumo regular, aliado a hábitos naturais e à alimentação com frutas da floresta, contribui para uma vida mais longa e ativa”, destaca Dr. Euler Ribeiro em seu estudo.

Pesquisas da FUnATI também reforçam que os compostos fenólicos e cafeína natural presentes no guaraná ajudam na melhora da concentração, no metabolismo e na prevenção de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Com resultados cada vez mais expressivos, pesquisadores defendem que a dieta amazônica, baseada em alimentos frescos, não industrializados e ricos em nutrientes naturais, é tão benéfica quanto a dieta mediterrânea, representando uma alternativa sustentável e regional de promoção da saúde e longevidade.

No Amazonas, 25% das mulheres e 21% dos homens estão obesos, aponta OMS

No Brasil, o cenário também preocupa,  o número de pessoas obesas aumentou 72% em pouco mais de uma década, saltando de 11,8% da população em 2006 para 20,3% em 2019. No Amazonas, as taxas são ainda mais expressivas : 25,7% das mulheres e 21% dos homens apresentam obesidade, segundo os dados oficiais.

O estudo mostra que fatores sociais e emocionais podem influenciar o ganho de peso tanto quanto a alimentação e dificultar o processo de emagrecimento.

O ambiente em que vivemos tem papel fundamental na forma como nos alimentamos e lidamos com o corpo. Aspectos físicos, emocionais e sociais do cotidiano podem interferir diretamente nos hábitos alimentares e se tornar grandes obstáculos para quem busca perder peso.

Segundo dados do Mapa da Obesidade, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a projeção global é de que, até 2025, 2,3 bilhões de adultos estejam acima do peso — sendo 700 milhões em condição de obesidade.

Com informações e foto da Agência FAPEAM*

Por Tatiana Sobreira, da redação da Jovem Pan News Manaus.

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