Os sinais recentes de desaceleração da economia brasileira aumentaram a pressão sobre o Banco Central (BC) para um possível corte da taxa básica de juros no início de 2026. A avaliação ganhou força após a divulgação de novos dados que indicam perda de ritmo da atividade econômica, ao mesmo tempo em que a inflação dá sinais de arrefecimento.
Dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostram que a economia nacional recuou em outubro pelo segundo mês consecutivo, alcançando o menor nível desde dezembro do ano passado. O indicador é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e sugere que os efeitos dos juros elevados já estão se espalhando pela economia.
Para a economista Zeina Latif, o movimento reforça o impacto da política monetária restritiva.
“Os juros altos já começam a aparecer com mais clareza na atividade econômica. O crescimento perde fôlego e isso naturalmente traz o debate sobre até quando será necessário manter esse nível de aperto”, avalia.
Segundo Latif, a desaceleração ocorre após um período de desempenho mais forte da economia, impulsionado pelo consumo e pelo mercado de trabalho.
“Agora, o custo do crédito mais elevado limita investimentos e consumo, especialmente em setores mais sensíveis aos juros”, explica.
Ao mesmo tempo, a economista destaca que a inflação vem mostrando sinais de acomodação, o que abre espaço para uma discussão futura sobre flexibilização monetária.
“Se a inflação continuar convergindo e as expectativas permanecerem ancoradas, o Banco Central terá mais argumentos para discutir cortes de juros em 2026”, afirma.
Apesar disso, o Banco Central segue adotando um discurso cauteloso. A autoridade monetária tem reforçado que qualquer mudança na taxa básica dependerá da consolidação do cenário inflacionário, do comportamento das expectativas e da situação fiscal do país.
Para Zeina Latif, o desafio será calibrar o ritmo da política monetária.
“O risco é prolongar demais o aperto e gerar uma desaceleração mais intensa do que o necessário. Ao mesmo tempo, um corte precipitado pode reacender pressões inflacionárias”, pondera.
Com o avanço do calendário eleitoral e a economia mostrando sinais de perda de fôlego, a discussão sobre juros deve ganhar ainda mais protagonismo nos próximos meses, tanto no mercado quanto no debate público.
Com Informações do UOL
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus






