Transformar as florestas tropicais em ativos econômicos e climáticos é a proposta central de um novo estudo divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio). O documento apresenta o Mecanismo de Reversão de Desmatamento (Reversing Deforestation Mechanism – RDM), uma iniciativa que pode gerar até US$ 100 bilhões em receitas anuais para países que preservam e restauram suas florestas.
O trabalho foi desenvolvido a pedido do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e integra o “Roteiro de Baku a Belém para 1,3T”, que busca mobilizar US$ 1,3 trilhão para o financiamento global da transição energética.
“As florestas não são apenas vulneráveis às mudanças do clima, elas são ativos indispensáveis para a luta climática”, explica Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio. “Ampliar a remoção de carbono da atmosfera é cada vez mais prioridade, e as florestas tropicais oferecem uma das ferramentas mais poderosas disponíveis.”
Como funciona o mecanismo
O RDM propõe um modelo de pagamentos por resultados de restauração florestal, criando incentivos financeiros para que países tropicais invistam na recuperação de áreas degradadas.
A estimativa é que o mecanismo possa gerar mais de US$ 5 mil por hectare restaurado, com potencial de remoção de até 2 gigatoneladas de CO₂ por ano — o equivalente a uma fração significativa das emissões globais anuais.
O sistema se diferencia de programas como o REDD+ jurisdicional e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) por priorizar a restauração em larga escala, e não apenas a prevenção do desmatamento. Os acordos seriam firmados diretamente entre governos ou instituições privadas e jurisdições locais, com recursos administrados por fundos destinados à restauração, combate a queimadas e desenvolvimento comunitário.

O papel da Amazônia
No caso da Amazônia, o estudo aponta um potencial de transformação profundo. Segundo as projeções, se o RDM for aplicado na região, em vez de emitir 16 GtCO₂ em 30 anos, a floresta poderia capturar 18 GtCO₂ por meio da regeneração natural em larga escala.
Esse processo representaria cerca de US$ 30 bilhões em receitas anuais e consolidaria a floresta como um dos principais instrumentos globais para o equilíbrio climático.
“A Amazônia tem contribuição relevante para as metas climáticas globais. A restauração florestal, quando associada a um preço justo do carbono, é um uso da terra mais lucrativo do que a pecuária de baixa produtividade”, reforçou Assunção.
Impacto global
O CPI/PUC-Rio analisou 91 países tropicais, que juntos somam 1,27 bilhão de hectares de florestas — área capaz de armazenar o equivalente a um terço das emissões históricas de CO₂. Segundo o estudo, restaurar as áreas degradadas desde 2001 poderia recapturar até 49 GtCO₂, reduzindo de forma expressiva o impacto das mudanças climáticas.
“A restauração em larga escala pode transformar milhões de hectares degradados em ativos climáticos, mas isso só será possível se mobilizarmos financiamento robusto e de longo prazo. A COP30 é a oportunidade de consolidar uma arquitetura financeira que mobilize recursos internacionais à altura do potencial das florestas tropicais”, concluiu o diretor do CPI.
Com Informações da Agência Brasil
Por João Paulo Oliveira, da Redação da Joven Pan News Manaus