Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News Manaus, coletivo MI Moda Indígena fala sobre desafios e conquistas na turnê pela Europa
A moda indígena amazonense deu um salto histórico e ganhou projeção internacional. O coletivo MI Moda Indígena, fundado pela designer de moda, artista visual e educadora Seanne Oliveira Munduruku, em parceria com a estilista e administradora do projeto Rebeca Ferreira Munduruku e o jornalista Cristóvão Nonato, levou sua arte para palcos consagrados da moda e da cultura mundial, como a London Fashion Week (Inglaterra), o Festival da Cultura Brasileira na Áustria e o Circuito de Moda da Itália, passando por cidades como Roma e Veneza.
O projeto, que nasceu em Manaus a partir da união de saberes tradicionais e formação acadêmica em moda e artes visuais, já havia realizado seu primeiro desfile em 2021 e, em apenas três anos, conquistou espaço na cena internacional. Para os idealizadores, a iniciativa representa muito mais do que estilo: é uma ferramenta de afirmação identitária e valorização da cultura indígena.
“O público fica magnetizado quando vê aquele show de criatividade. Estamos falando de casas de moda famosas, mas o nosso projeto traz algo único, genuíno, vindo da floresta”, afirmou o jornalista Cristóvão Nonato, em entrevista exclusiva à Jovem Pan News Manaus.
Durante a turnê, o coletivo apresentou desfiles com modelos indígenas e pessoas com deficiência, reforçando a diversidade como pilar central da proposta. Além da moda, a equipe realizou uma oficina de dança indígena, aproximando ainda mais o público europeu das expressões culturais da Amazônia.
Para Seanne Oliveira, fundadora do projeto, a experiência na Europa foi marcante.
“Representar o nosso povo através do vestuário é ímpar. Cada biojóia, cada semente, cada peça pintada manualmente carrega a nossa história e desperta reconhecimento e respeito”, disse.
Outro momento simbólico da viagem foi o encontro com o Papa Francisco, no Vaticano. As integrantes do coletivo entregaram presentes feitos manualmente e registraram o pontífice tocando o tradicional maracá indígena.
“Foi histórico para nós, povos originários. Estávamos representando várias etnias da Amazônia e ocupar esse espaço é uma conquista coletiva”, destacou Seanne.
De acordo com Rebeca Ferreira Munduruku, cada peça exposta fora do Brasil ganha valor não apenas artístico, mas também social.
“Os europeus são grandes apreciadores da arte e enxergam em nossas produções algo raro e precioso, que nasce do território amazônico e é feito de forma sustentável”, explicou.
Com a repercussão internacional, o MI Moda Indígena planeja novas apresentações e parcerias. O coletivo quer expandir sua atuação e consolidar a moda indígena como expressão cultural de relevância global, sem perder a essência comunitária e o vínculo com a floresta.
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus