Exclusivo: “Para amar a floresta, é preciso conhecê-la”, afirma autora de livro sobre cidadania e Amazônia

Em entrevista ao Radar de Notícias, apresentado por Álvaro Campelo, Ana Moreira fala sobre o livro “Democracia na Floresta”, que une educação, inclusão e amor pela Amazônia

A servidora pública e estudante de Ciências Políticas Ana Moreira, natural de Itacoatiara (AM), transformou uma experiência pessoal em um projeto literário que une educação, cidadania e valorização da floresta. Autora do livro “Democracia na Floresta”, lançado em setembro de 2024 na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), ela participou nesta quinta-feira, 23, do programa Radar de Notícias, apresentado por Álvaro Campelo na Jovem Pan News Manaus (98.7 FM), para contar como uma vivência com o filho, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1, se transformou em uma fábula sobre convivência, respeito e amor pela Amazônia.

Ana explicou que a ideia do livro surgiu em 2018, quando percebeu que o debate político havia ultrapassado as redes e chegado às escolas, influenciando até o comportamento das crianças.

“Meu filho chegava da escola assustado com brigas e discussões sobre política. Ele fazia perguntas sérias, e eu percebia que cada resposta minha ajudava a formar um cidadão. Foi aí que comecei a contar histórias antes de dormir para ensiná-lo o que é respeito, democracia e convivência.”

Com o tempo, essas histórias foram ganhando estrutura literária e se transformaram em um livro. A autora conta que buscou inspiração em referências filosóficas, como a alegoria da caverna de Platão, para explicar valores como empatia, justiça e convivência social de forma acessível às crianças.

“Eu adaptava histórias antigas para a realidade dele. Mostrava que o político é aquele que cuida do povo e que a política não é algo distante — está nas nossas atitudes diárias. A educação é o caminho mais eficaz para transformar comportamentos e preparar cidadãos conscientes.”

 

Foto: Divulgação

A floresta como escola e símbolo de pertencimento

Em “Democracia na Floresta”, os animais amazônicos assumem o papel de professores da vida em sociedade. A escritora explica que a escolha dos personagens vai além do aspecto lúdico: é um convite para que as novas gerações se reconheçam na floresta e compreendam que ela faz parte da identidade e da história de cada amazônida.

Ana observa que muitas crianças têm contato apenas com animais estrangeiros, o que reforça a importância de valorizar os símbolos regionais.

“As crianças conhecem o leão, a girafa e o elefante, mas poucas sabem o que é um sauim-de-coleira, que é símbolo de Manaus. Eu quis mudar isso. Para amar, é preciso conhecer. E para preservar, é preciso amar.”

A narrativa é contada em versos rimados, inspirada na tradição oral do interior do Amazonas. Essa estrutura poética, segundo a autora, torna o aprendizado mais leve e prazeroso, ajudando a fixar valores e despertar a imaginação infantil.

Entre os personagens, estão a Coruja Filomena, símbolo da sabedoria, e o Jabuti Ernesto Honesto, que ensina às crianças o valor do voto, da ética e da paciência. Por meio de cada personagem, Ana conduz o leitor a refletir sobre convivência, responsabilidade e o papel de cada indivíduo dentro de uma comunidade.

Desde o lançamento, o livro vem sendo apresentado em escolas, feiras culturais e projetos educacionais em diferentes municípios do Amazonas. O retorno do público, especialmente o infantil, tem emocionado a autora.

“Os professores me escrevem dizendo que as crianças se encantam com os personagens e passam a reconhecer os nossos animais. Isso desperta identidade e pertencimento. É a floresta se tornando sala de aula.”

Ana conta que pretende expandir o alcance da obra, levando-a a comunidades ribeirinhas e escolas públicas, e revela que já trabalha em novos projetos voltados à educação e sustentabilidade.

“Quero continuar escrevendo sobre educação, inclusão e Amazônia. Acredito que o conhecimento é a semente da mudança — e a literatura é uma das formas mais bonitas de plantar essa transformação.”

“Democracia na Floresta” está disponível em versão impressa e deve integrar ações de leitura e cidadania em escolas públicas a partir de 2025.

 

 

 

Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus

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