O setor de Comércio e Serviços segue como a principal força econômica do Amazonas, mas enfrenta um cenário de ajuste e cautela. Em entrevista ao Minuto a minuto da Rádio Jovem Pan News Manaus, o presidente da Fecomércio-AM, Aderson Frota, destacou que, apesar do otimismo com o Dia das Crianças — uma das principais datas sazonais do calendário — o alto endividamento das famílias e os juros bancários elevados ainda limitam o poder de compra e exigem planejamento dos empresários.
Segundo Frota, 86% das famílias brasileiras estão endividadas, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Estamos vivenciando um momento extremamente difícil. A taxa Selic está alta, o crédito está caro e o consumidor enfrenta dificuldades para equilibrar o orçamento. Isso afeta diretamente o poder de compra”, destacou o dirigente.
Mesmo assim, a pesquisa da Fecomércio-AM aponta que 98% dos consumidores pretendem comprar presentes neste Dia das Crianças, e mais da metade deve adquirir dois ou mais itens, com destaque para brinquedos, roupas, calçados e eletrônicos. Frota reforça que o comércio tem papel fundamental na orientação dos consumidores e na preservação da saúde financeira das empresas.
Nosso papel não é apenas vender, é atender e orientar o consumidor. Quando o cliente não pode pagar à vista, o empresário oferece alternativas de pagamento, mas sempre com prudência”, afirmou.
Desempenho econômico do setor
Dados da Secretaria de Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM) mostram que, até maio de 2025, o faturamento do Comércio e Serviços atingiu R$ 134,98 bilhões, sendo R$ 28,07 bilhões apenas em maio. Em 2024, o setor fechou com R$ 315,03 bilhões em valores reais.
O levantamento da SEFAZ-AM também indica retração no recolhimento do ICMS: de janeiro a julho de 2025, a arrecadação somou R$ 5,11 bilhões, ante R$ 5,25 bilhões no mesmo período de 2024 — uma queda real de 2,7%. A projeção para o fechamento do ano é de -3%, reflexo de um consumo mais seletivo e margens de lucro mais comprimidas.
No varejo, conforme o IBGE, o volume de vendas no Amazonas cresceu 0,4% em julho, comparado ao mesmo mês de 2024, e acumula alta de 1,8% no ano. Já o comércio varejista ampliado (que inclui veículos e materiais de construção) teve aumento de 2,1% de junho para julho, acumulando alta de 2,7% em 2025 e 5,3% nos últimos 12 meses.
Emprego e PIB: crescimento sustentado
O Caged mostra que o Comércio e Serviços atingiram 387.427 empregos formais em julho de 2025, um recorde histórico. O crescimento é de 0,4% em relação ao mês anterior e 4% frente a julho de 2024. O segmento representa 68,4% dos empregos formais do Amazonas, com saldo positivo de 1.566 vagas no mês — resultado de 19.479 admissões e 17.913 desligamentos.
No PIB estadual, o setor respondeu por 43,84% da economia amazonense no 2º trimestre de 2025, alcançando R$ 20,2 bilhões, frente a R$ 19,2 bilhões no trimestre anterior. O crescimento foi de +7,29% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a SEDECTI.
Turismo e novas frentes de qualificação
O turismo também segue em recuperação: o volume de atividades turísticas no Amazonas cresceu 5,9% em julho de 2025 frente ao mesmo mês de 2024, acumulando alta de 10,9% no ano e 9,5% nos últimos 12 meses, conforme dados do IBGE.
A Fecomércio reforça ainda o papel social e educacional de suas instituições. Entre janeiro e julho de 2025, o SENAC Amazonas registrou 33,8 mil atendimentos, 430 cursos realizados e 70% de inserção no mercado de trabalho. A rede alcança nove municípios, entre eles Borba, Coari, Codajás, Itacoatiara, Manacapuru, Maués, Manaus, Parintins e Tefé, com 1.043 cursos EAD.
Já o SESC Amazonas beneficiou 188,6 mil pessoas pelo programa Mesa Brasil, distribuiu 440 mil quilos de alimentose serviu 133,5 mil refeições no Restaurante do Comerciário. Também registrou 35 mil participantes nas atividades de lazer, 132 mil em ações culturais e 3,5 mil alunos matriculados em programas educacionais.
Perspectiva para o fim do ano
Com a aproximação do Natal — a principal data do comércio —, a Fecomércio-AM projeta um fechamento de ano estável, porém prudente, diante do cenário de endividamento e dos desafios tributários. Frota conclui que o setor continua sendo o motor da economia local, com responsabilidade e resiliência.
O comércio está à disposição da população todos os dias. Ele é o setor que mais emprega e que mais sustenta a economia do Amazonas. Precisamos continuar atentos, mas confiantes”, finalizou.
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Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus
Foto: Fecomércio