A comercialização do pirarucu manejado tem movimentado a região do Médio Solimões neste mês de outubro. Com feiras realizadas nas comunidades de Bauana, Alvarães e Tefé (AM), os eventos celebram o sucesso da pesca sustentável e aproximam consumidores dos produtores, fortalecendo a economia local e contribuindo para a conservação da espécie.
A programação da temporada começou com a 1ª Feira do Tambaqui e Pirarucu Manejado, realizada no Quilombo São Francisco do Bauana, na Floresta Nacional de Tefé. O evento comercializou cerca de 3 toneladas de tambaqui e 30 pirarucus, levando pescado de qualidade a comunidades que historicamente têm pouco acesso a esse tipo de produto.
Já nos dias 4 e 5 de outubro, Alvarães sedia a 9ª Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável, e nos dias 11 e 12, foi a vez de Tefé receber a 21ª edição da feira, ambas iniciando às 6h da manhã. Os eventos aconteceram, respectivamente, na Praça de Alimentação e Eventos e no Mirante das Mangueiras.
Modelo de sucesso na conservação e geração de renda
O pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de água doce do mundo e já esteve ameaçado de extinção devido à pesca predatória. Desde o final dos anos 1990, o manejo sustentável da espécie tem se consolidado como um modelo bem-sucedido de conservação aliado à geração de renda para comunidades ribeirinhas.
Com apoio técnico do Instituto Mamirauá, o primeiro projeto de manejo comunitário foi aprovado em 1999, envolvendo comunidades do Médio Solimões. Desde então, o modelo se expandiu para diversas áreas de reservas e acordos de pesca na Amazônia.
Atualmente, centenas de famílias vivem do manejo do pirarucu, em um processo que une conhecimento tradicional e científico para garantir a preservação da espécie e a segurança alimentar das populações locais.
Feiras fortalecem economia solidária e combate à pesca ilegal
As feiras representam mais do que simples pontos de comercialização. Elas se tornaram símbolos de valorização cultural, fortalecimento dos Acordos de Pesca e incentivo à economia solidária.
Organizadas pelo Acordo de Pesca Jurupari Grande, que envolve moradores das comunidades Boca do Jurupari e Novo Tapiira, no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, as feiras disponibilizaram cerca de 160 peixes ao longo dos quatro dias de evento. O atendimento ao público foi organizado por meio da distribuição de senhas nas barracas, enquanto a venda de peixes inteiros ocorreu diretamente em embarcação ancorada no porto local.
Para facilitar o transporte do pescado para outras cidades, a documentação legal necessária foi emitida no ato da compra. Os interessados precisaram apresentar RG, CPF, endereço e o destino do produto, permitindo o transporte inclusive por aeroportos e embarcações.
Apoio institucional e articulação comunitária
As feiras contam com a assessoria técnica do Instituto Mamirauá e apoio de diversas instituições, entre elas: Prefeitura Municipal de Tefé (Secretarias de Produção, Meio Ambiente, Turismo e Comunicação, além do IMTRANS e da Guarda Civil), SEMA/DEMUC, Fundação Amazônia Sustentável (FAS), SEBRAE, IDAM, Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Colônia de Pescadores Z-4 e a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (ADAF).
Para os manejadores, as feiras são uma vitrine do trabalho coletivo e da importância do manejo para a qualidade de vida das comunidades. “A feira, assim como o manejo, é uma festa”, resume Fortunato de Andrade, manejador da região.
Para os consumidores, trata-se de uma oportunidade de adquirir um peixe legalizado, fresco, de excelente qualidade e com impacto social positivo, contribuindo para o combate à pesca ilegal e incentivando práticas sustentáveis de produção.
Com informações da Assessoria*
Por Karoline Marques, da Redação da Jovem Pan News Manaus
Foto: Assessoria de Comunicação