Garimpeiros têm maior risco de infecções sexualmente transmissíveis, indicam dados preliminares

Pesquisa aponta vulnerabilidade ao HIV, sífilis e malária entre trabalhadores de garimpos isolados no sudoeste do estado

Dados preliminares de um estudo no sudoeste do Pará mostram que garimpeiros estão mais expostos a infecções sexualmente transmissíveis (IST) e malária, devido ao isolamento, à falta de acesso a serviços de saúde e ao contato frequente com profissionais do sexo.Enquanto a prevalência de HIV na população geral é inferior a 1%, entre grupos como profissionais do sexo e homens que fazem sexo com homens (HSH) o índice supera 5%, segundo o Ministério da Saúde. Ainda não se sabe qual é a prevalência em populações-ponte, como os garimpeiros, que podem transmitir IST para outras comunidades.

O estudo é conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, Instituto Adolfo Lutz e Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com apoio da FAPESP. Inclui testagens para HIV, hepatites B e C, sífilis e malária, além de entrevistas e avaliações antropométricas no município de Itaituba, na maior área de extração de ouro do país.“Estamos na região de Santarém desde 2000 e observamos uma transformação social e econômica significativa com a expansão dos garimpos. Isso impacta diretamente a saúde pública”, diz Aluisio Segurado, coordenador do projeto “Saúde vale ouro”.

“Essa etapa nos permitiu incluir mulheres que não se identificam como profissionais do sexo, mas que apresentam vulnerabilidades relacionadas ao contexto local”, detalha Paulo Abati, médico infectologista e doutorando na FM-USP.

A pesquisa incluiu uma fase formativa em 2023, com etnografia, entrevistas e observação participante para identificar participantes e estabelecer confiança. Além das IST, a malária foi incluída devido às condições insalubres dos garimpos, que favorecem a transmissão do parasita.

Portadores de HIV foram encaminhados para tratamento pelo SUS, e medidas preventivas, como o tratamento da sífilis em mulheres em idade fértil, foram adotadas para evitar a transmissão congênita. Informações sobre saúde mental, consumo de álcool e drogas e fatores de risco metabólicos também foram coletadas.

Os resultados preliminares indicam uma prevalência maior de HIV e outras IST entre garimpeiros comparada à população geral. O estudo deve ter seus primeiros resultados publicados ainda este ano, oferecendo dados essenciais para políticas de saúde pública em regiões de garimpo isoladas.

Com informações da Assessoria.

Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.

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