O governo federal anunciou a criação de um comitê, em parceria com representantes da sociedade civil e do setor de bebidas, para enfrentar a crise das bebidas contaminadas por metanol. O objetivo é articular ações tanto repressivas, voltadas a punir os responsáveis pela adulteração, quanto protetivas, para preservar empresas que atuam legalmente e são estratégicas para a economia brasileira, conforme afirmou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
O anúncio foi feito após reunião no Ministério da Justiça, que contou com autoridades e representantes do setor de bebidas. “Tivemos uma discussão bastante frutífera e concluímos que seria importante montar um comitê de enfrentamento da crise do metanol”, destacou Lewandowski. Segundo o ministro, o grupo funcionará de forma informal, promovendo a troca de informações sobre boas práticas e divulgação de medidas adotadas pelo poder público e pelo setor privado.
Lewandowski ressaltou que, em um país de dimensões continentais como o Brasil, é fundamental unir esforços do governo, iniciativa privada e sociedade civil para lidar com problemas complexos. O ministro classificou o caso não apenas como uma questão de saúde pública, mas também como uma “crise econômica”, dado o peso do setor de bebidas para o país, responsável por geração de empregos, recolhimento de impostos e contribuição para o desenvolvimento econômico.
Para equilibrar a atuação, o comitê terá como princípio “separar o joio do trigo”: combater rigorosamente comerciantes que adulteram bebidas de forma intencional, ao mesmo tempo em que preserva aqueles que atuam dentro da legalidade. A reunião contou com a participação da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP) e da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).
O secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, informou que dezenas de estabelecimentos já foram notificados e estão sendo analisados, incluindo bares, distribuidoras e associações do setor. “O trabalho agora é de inteligência. Com os dados coletados, poderemos identificar padrões e fornecedores potenciais de bebidas adulteradas, diferenciando os legalizados dos ilegais”, explicou. Pereira também destacou a colaboração com centros de pesquisa para validar testes rápidos e criar mecanismos que garantam a qualidade das bebidas.
Quanto ao possível envolvimento de organizações criminosas, Lewandowski afirmou que todas as hipóteses estão sendo investigadas, mas que é cedo para conclusões. A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica grave, podendo causar cegueira e morte. O governo reforça que, ao identificar sintomas como visão turva, náuseas, vômitos e dores abdominais, é essencial procurar imediatamente atendimento médico e contatar órgãos especializados, como o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001) ou os centros de controle de intoxicações do país.
*Com informações da Agência Brasil
Por Camilla Dantas da Redação da Jovem Pan News Manaus