Indígenas recebem cirurgias e exames durante ação de saúde em hospitais universitários
Pacientes indígenas de diversas regiões do país receberam atendimento médico especializado em setembro, durante a segunda edição do programa Ebserh em Ação – Agora Tem Especialistas, iniciativa da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh/MEC) em parceria com o Ministério da Saúde. A mobilização ocorreu simultaneamente em 24 estados e no Distrito Federal, com foco na ampliação do acesso a consultas, exames e cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Norte do país, indígenas de diferentes etnias foram atendidos em hospitais universitários federais. No Amazonas, o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-Ufam), em Manaus, realizou nove procedimentos voltados a pacientes das etnias Tikuna, Mura, Mundurucu, Kokama e Kambeba. As ações incluíram cirurgias de retirada de vesícula (colecistectomia) e exames como colonoscopia.
Uma das pacientes foi a agricultora Jucinete Ferreira Urbano, de 43 anos, da etnia Kokama, residente em Tefé (AM). Ela precisou viajar três dias de barco até a capital amazonense para realizar a cirurgia.
“Foi a primeira vez que precisei deixar minha família. Essa foi a parte mais difícil. Mas voltei sem dores e muito agradecida pelo atendimento e acolhimento recebido”, relatou.
A logística do atendimento no Amazonas envolveu articulação com a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai). Segundo a enfermeira Rosimeyre Viana, especializada em Saúde Indígena, o cuidado foi planejado com atenção às especificidades culturais dos pacientes.
“Desde a recepção até a alta, os pacientes foram acomodados em leitos próximos uns dos outros e os acompanhantes receberam alimentação dentro da enfermaria, evitando deslocamentos. Além disso, a comunicação com a Casai foi constante, garantindo um atendimento que respeitasse as especificidades culturais dos pacientes indígenas”, afirmou.
No Amapá, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Amapá (HU-Unifap), em Macapá, recebeu 11 indígenas oriundos do Parque do Oiapoque e de Pedra Branca, das etnias Wajãpi, Aparai, Tiriyó e Galibi Marwono. Foram realizados 16 atendimentos, entre consultas e exames.
Entre os pacientes, estava Ronilson dos Santos, de 51 anos, da aldeia Kumarumã, no Oiapoque. Ele convive com problemas de visão desde a infância e, pela primeira vez, realizou um mapeamento de retina — procedimento não disponível na rede pública local.
“Foi uma espera longa, mas consegui fazer o exame. Isso já é uma grande conquista”, afirmou.
A coordenadora estadual de Saúde Indígena (Coesi), Alessandra Maciel, também acompanhou a ação.
Ela ressaltou “o desafio logístico de levar os pacientes a Macapá, respeitando as especificidades culturais de cada povo”.
A segunda edição do mutirão nacional foi realizada no dia 13 de setembro, com a participação de aproximadamente 5 mil profissionais de saúde em todo o país. No total, foram realizados 34.290 procedimentos, incluindo 1.666 cirurgias, 4.043 consultas e 28.581 exames. Os números superaram em 15% a meta inicial e representaram um aumento de 175% nos atendimentos em relação à primeira edição.
A terceira edição do programa está prevista para 13 de dezembro, mês em que a Ebserh completa 14 anos. A expectativa é ampliar ainda mais o acesso da população aos serviços especializados do SUS.
A Ebserh, criada em 2011 e vinculada ao Ministério da Educação (MEC), é responsável pela gestão de 45 hospitais universitários federais. Essas unidades atuam de forma integrada à formação acadêmica de profissionais de saúde, à pesquisa e ao atendimento à população usuária do SUS.
Com informações da Assessoria*
Por Victoria Medeiros, da Redação da Jovem News Manaus
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