Lideranças femininas da Amazônia protagonizam encontro histórico pela sociobioeconomia sustentável

Evento reuniu 60 mulheres extrativistas de diferentes regiões e reforçou o protagonismo feminino na conservação da floresta e no desenvolvimento sustentável

Manaus foi palco, nos dias 17 e 18 de outubro, de um encontro inédito que colocou mulheres amazônidas no centro da sociobioeconomia. O Encontro de Lideranças Femininas da Sociobioeconomia na Amazônia reuniu cerca de 60 mulheres extrativistas de diferentes regiões da floresta, em dois dias de debates, oficinas, rodas de diálogo e atividades culturais.

O evento destacou o papel essencial das mulheres nas cadeias produtivas da sociobiodiversidade, desde o manejo do pirarucu e da borracha até a produção de óleos, biojoias e alimentos tradicionais. A iniciativa é resultado da união entre Memorial Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Rainforest Foundation Noruega (RFN), Sitawi, via Programa Território Médio Juruá, WWF-Brasil, Natura e Instituto Juruá, com apoio do CETAM e do Consulado da Mulher.

Esse é um espaço construído por mulheres e para mulheres, com o propósito de fortalecer nossas vozes, trocar experiências e inspirar novas trajetórias. Que este seja apenas o primeiro de muitos encontros”, afirmou Maria Silva, diretora financeira do Memorial Chico Mendes.

Protagonismo feminino e redes de aprendizado

Durante o encontro, as participantes compartilharam experiências e desafios enfrentados em seus territórios. As falas reforçaram que a presença feminina nas cadeias da sociobioeconomia é decisiva para gerar renda, conservar o meio ambiente e fortalecer a autonomia das comunidades.

É de extrema importância a gente participar, porque aprende muito e conhece pessoas de outros territórios que lutam pelos mesmos objetivos. Essa união dá força para que a gente seja reconhecida pelo nosso trabalho”, destacou Ivaneide Sousa, do Coletivo do Pirarucu.

A agricultora Adriana Pereira também ressaltou a importância da troca de experiências:

Trabalhar nesse setor é um desafio. A gente precisa estar sempre melhorando, e essa troca com outras pessoas ajuda muito. É gratificante ver tudo o que acontece dentro do nosso trabalho.”

Mulheres na linha de frente da conservação

Além de promover formação e articulação, o evento chamou atenção para o papel das mulheres na defesa da floresta e no enfrentamento de ameaças ambientais, como o garimpo, o narcotráfico e o desmatamento.

Esse encontro mostrou a ativa participação das mulheres na linha de frente contra ameaças na Amazônia. Reunir mulheres de várias localidades reconhece esse trabalho e amplia os efeitos sobre a conservação da sociobiodiversidade”, afirmou Ronnayana Silva, coordenadora de Programas Territoriais da Sitawi.

Vozes e experiências que transformam territórios

O diálogo coletivo resultou em propostas para ampliar a participação das mulheres em espaços de decisão, acesso à formação técnica e reconhecimento econômico do trabalho feminino — pilares de uma Amazônia mais justa e sustentável.

Conheci muitas pessoas de vários municípios e cada experiência compartilhada aqui é importante pra mim. Vou levar tudo isso para o meu grupo da borracha. Aqui encontrei gente que trabalha com óleos, pesca, biojoias… Foi transformador”, disse Lucineide Brito, do coletivo da Borracha.

É muito importante poder compartilhar essas vivências e levar os aprendizados para o meu território. Através das vozes que ouvimos aqui, podemos nos fortalecer e fortalecer também os nossos territórios”, completou Iza Mura, representante da pesca manejada.

Construindo o futuro da sociobioeconomia

Mais do que um espaço de formação, o encontro se consolidou como um marco político e simbólico na valorização das mulheres amazônidas.
As participantes reafirmaram que a sociobioeconomia sustentável depende da igualdade de gênero e da inclusão feminina nas decisões sobre o futuro da floresta.


Com informações Assessorias de Comunicação

Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus

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