O Banco do Brasil (BB) registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,78 bilhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 60,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados constam do balanço financeiro divulgado pela instituição na noite de quarta-feira (12).
De janeiro a setembro, o lucro totalizou R$ 14,94 bilhões, redução de 47,2% em comparação ao mesmo período de 2024. Em todo o ano passado, o BB havia registrado lucro recorde de R$ 37,9 bilhões. Na comparação trimestral, o resultado ficou praticamente estável — o lucro entre abril e junho foi de R$ 3,784 bilhões.
Segundo o banco, a queda no resultado foi influenciada por novas regras contábeis e pelo aumento da inadimplência. Em janeiro, entrou em vigor a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que alterou o modelo de provisões para perdas esperadas, com base em estimativas. A mudança impactou o reconhecimento de receitas e despesas das instituições financeiras.
Com as novas normas, o BB deixou de reconhecer cerca de R$ 1 bilhão em receitas de crédito referentes a operações em atraso superior a 90 dias, que passaram a ser contabilizadas apenas quando o pagamento é efetivamente realizado.
Inadimplência e carteira de crédito
O índice de inadimplência subiu para 4,93% no terceiro trimestre, ante 4,21% no mesmo período de 2024 e 3,33% em 2023. O aumento foi puxado principalmente pelo setor do agronegócio e pela linha de cartões de crédito, áreas em que o banco tem forte atuação.
A carteira de crédito ampliada somou R$ 1,279 trilhão em setembro, queda de 1,2% no trimestre, mas alta de 7,5% em 12 meses.
- Pessoa física: R$ 350,5 bilhões (+2,3% no trimestre / +7,5% em 12 meses), com destaque para o novo crédito consignado CLT, que atingiu R$ 9,2 bilhões.
- Pessoa jurídica: R$ 452,9 bilhões (-3,2% no trimestre / +10,4% em 12 meses), com retração nas carteiras de grandes empresas e MPMEs.
- Agronegócio: R$ 398,7 bilhões (-1,5% no trimestre / +3,2% em 12 meses).
- Crédito sustentável: R$ 399 bilhões (+8% em 12 meses), representando 32,9% do total da carteira.
Revisão de projeções
Com o resultado mais baixo, o Banco do Brasil reviu suas projeções para 2025:
- Lucro líquido ajustado: de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões (anterior: R$ 21 bi a R$ 25 bi).
- Custo do crédito: entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões (anterior: R$ 53 bi a R$ 56 bi).
Receitas e despesas
As receitas de prestação de serviços atingiram R$ 8,86 bilhões no trimestre, alta de 1,3% ante o período anterior, mas queda de 2,6% em relação a 2024. Os maiores avanços vieram de fundos de investimento (+7,1%), seguros e previdência (+5,8%) e consórcios (+6,3%).
As despesas administrativas somaram R$ 9,81 bilhões, alta de 1,4% sobre o trimestre anterior e 4,7% em 12 meses. O aumento foi atribuído ao reajuste salarial de 4,6% e aos investimentos em tecnologia e segurança digital.
Dividendos
O BB manteve a redução da distribuição de dividendos, fixando em 30% a parcela do lucro destinada aos acionistas — antes, o percentual era de 40%. Em julho, o governo também revisou a previsão de dividendos das estatais para 2025, de R$ 43,4 bilhões para R$ 41,9 bilhões, segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.
Com informações da Agência Brasil/*
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus





