Luto no futebol: morre Miguel Ángel Russo, ídolo do Boca Juniors, aos 69 anos

O futebol sul-americano perdeu na quarta-feira (8) um de seus grandes nomes. Miguel Ángel Russo, técnico do Boca Juniors e figura histórica do esporte argentino, faleceu aos 69 anos, vítima de complicações relacionadas a um câncer de próstata. O treinador estava afastado das atividades do clube e passava os últimos dias em casa, sob cuidados médicos.

Segundo a imprensa argentina, o velório foi marcado para um local simbólico: o estádio La Bombonera, onde Russo viveu momentos inesquecíveis como comandante da equipe azul e ouro.

Em nota oficial, o Boca Juniors expressou o pesar da instituição:

Como sinal de luto, a Liga de Futebol Profissional da Argentina decidiu adiar a partida entre Boca Juniors e Barracas Central, que seria realizada no sábado, pelo Torneo Clausura. A nova data do confronto ainda não foi definida.

A morte de Russo repercutiu além das fronteiras argentinas. Em Miami, nos Estados Unidos, onde a seleção argentina se prepara para um amistoso contra a Venezuela, os jogadores realizaram um minuto de silêncio antes do treino — uma homenagem simbólica a um profissional que influenciou gerações.

Técnico de alma e coração

Seu trabalho cruzou fronteiras: ele comandou equipes no Chile (Universidad de Chile), Colômbia (Millonarios), Peru (Alianza Lima), Paraguai (Cerro Porteño), México (Morelia), Arábia Saudita (Al-Nassr) e Espanha (Salamanca). No Millonarios, conquistou o título colombiano e enfrentou sua primeira batalha contra o câncer de próstata, em 2017, superada na época com força e otimismo.

Nos últimos meses, porém, a doença voltou a avançar. Em setembro, Russo foi internado por uma infecção urinária. Mesmo diante das dificuldades, tentou permanecer em atividade até que, por recomendação médica, foi afastado definitivamente das funções no clube. Seu estado de saúde se agravou rapidamente nas semanas seguintes.

Um legado dentro e fora de campo

Com uma carreira marcada por conquistas e respeito, Miguel Ángel Russo consolidou-se como um dos técnicos mais admirados da América Latina. Sua trajetória com o Boca Juniors foi especialmente marcante: em 2007, levou o clube à conquista da Copa Libertadores, a última da equipe até hoje. Voltaria ao comando em outras duas oportunidades — entre 2020 e 2021, período em que faturou o Campeonato Argentino (2020/21) e a Copa da Liga Profissional (2020), e mais recentemente em maio de 2025, no que seria seu último ciclo à frente do time.

Antes de se tornar técnico, Russo teve uma sólida carreira como jogador. Atuou como volante no Estudiantes de La Plata durante toda a carreira, de 1975 a 1988, sendo bicampeão argentino em 1982 e 1983. Disputou 17 partidas pela seleção argentina e integrou a campanha das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986, mas uma lesão o tirou do grupo que viria a conquistar o título no México.

A transição para o banco de reservas foi natural. Em 1989, iniciou sua jornada como treinador no Lanús, onde conquistou a segunda divisão argentina em 1992. Também levou o Estudiantes (1995) e o Rosario Central (2013) à elite do futebol nacional. Na primeira divisão, além dos títulos com o Boca e o Vélez Sarsfield (2005), Russo comandou Racing, Colón, San Lorenzo e Atlético Los Andes.

 

 

 

 

Por Victoria Medeiros, da Redação da Jovem Pan News Manaus*

Foto:  Federico Parra / AFP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *