A mineradora BBX do Brasil, subsidiária da BBX australiana, iniciou nesta semana o processo de licenciamento para explorar e exportar terras raras descobertas no município de Apuí, no sul do Amazonas. A operação está prevista para começar em 2027, com expectativa de que, cerca de cinco anos depois, seja implantada uma etapa de refino em Manaus. O investimento inicial é estimado em R$ 200 milhões, e já há negociações com compradores nos Estados Unidos, China e Europa.
As terras raras, um conjunto de 17 elementos químicos, são consideradas essenciais para tecnologias estratégicas e de alto valor, presentes em produtos como celulares, televisores, equipamentos de energia renovável e dispositivos militares, como drones e radares.
Empregos e impacto econômico
De acordo com a BBX, a fase de implantação do projeto deverá gerar cerca de 500 empregos diretos, além de outros mil indiretos. Já durante a operação, a expectativa é de 200 empregos diretos e faturamento anual de R$ 400 milhões, com aproximadamente R$ 8 milhões em impostos destinados ao município de Apuí, valor equivalente a cerca de 10% da receita local prevista para 2025.
O diretor técnico da empresa, Antônio de Castro, afirma que o interesse pela exploração começou após estudos de solo realizados entre 2022 e 2023, que identificaram reservas suficientes para mais de 50 anos de extração.
Logística e exportação
A rota de escoamento prevê transporte por rodovia até Porto Velho, onde o produto será colocado em contêineres e seguirá por barcaças até Manaus. De lá, será enviado por navios transoceânicos para os mercados compradores.
Refino e industrialização
Embora a China lidere o mercado global de refino, outros países, como EUA, França, Japão, Austrália e Malásia e estão buscando se fortalecer nesse setor. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido que a exploração de minerais críticos seja acompanhada de industrialização nacional.
A BBX afirma que pretende implantar um processo de refino em Manaus, mas somente após a operação inicial estabilizada, o que deve ocorrer por volta de 2032. A empresa prevê transformar o material extraído em produtos de maior valor agregado, como dióxido e elementos isolados para venda individualizada.
Riscos ambientais e licenciamento
A atividade mineradora em Apuí reacende preocupações sobre impactos socioambientais, especialmente em uma região já pressionada pelo avanço da fronteira agropecuária. As áreas previstas para exploração cortam mais de dez cursos d’água, conforme imagens de satélite.
A mineradora afirma que utilizará o método de lixiviação direta, aplicado em países asiáticos. A técnica consiste em irrigar o solo com solução de água e magnésio para absorver os minerais. O material é posteriormente drenado por bombas e canais subterrâneos. Segundo a empresa, o impacto seria mínimo e controlado, além de utilizar substâncias consideradas de baixo risco ambiental.
Apoio do governo do Amazonas
O governo estadual, por meio da Secretaria Executiva de Mineração (Semig), tem demonstrado forte apoio ao projeto, que vê como um complemento econômico à Zona Franca de Manaus. O secretário Ronney Peixoto destaca que o Estado tem grande potencial para terras raras, com ocorrências também em Presidente Figueiredo e São Gabriel da Cachoeira.
Segundo ele, o governo busca acompanhar o projeto, garantir investimentos e estimular a futura industrialização do processo dentro do Amazonas.
Com informações do Acritica*
Foto: Divulgação
Por Ismael Oliveira – Redação Jovem Pan News Manaus






