Movimento nacional contra o feminicídio leva mulheres às ruas de Manaus

Ato na Praça do Congresso relembra o caso de Deusiane Pinheiro

Milhares de mulheres ocuparam as ruas das principais capitais brasileiras neste domingo (7) para denunciar a violência contra a mulher, o feminicídio e a falta de ação efetiva do Estado na prevenção desses crimes. Em Manaus, o ato ocorreu na Praça do Congresso, no Centro Histórico.

No local, um palco recebeu representantes de coletivos feministas, organizações de direitos humanos, lideranças políticas e artistas. As manifestantes exibiam cartazes com frases como “Parem de nos matar”, “Basta de violência” e “Diga não ao feminicídio”. O ato reuniu discursos e apresentações culturais.

O caso da soldado Deusiane Pinheiro, morta em 2015 dentro do Batalhão Ambiental da Polícia Militar, foi lembrado durante a manifestação. A mobilização nacional, denominada “Levante Mulheres Vivas”, foi convocada por dezenas de organizações após uma sequência de feminicídios que chocaram o país nos últimos dias.

Ato em Brasília

Em Brasília, seis ministras, um ministro e a primeira-dama Janja Lula da Silva participaram da mobilização, mesmo sob forte chuva. O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, também esteve presente.

A ministra da Mulher, Márcia Lopes, reforçou a importância da participação feminina na política. “Não vamos votar em homem que agrida, que ofenda as mulheres”, declarou.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o enfrentamento ao feminicídio é uma “luta civilizatória” que deve incluir os homens. Já a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lembrou sua irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.

Mesmo em recuperação cirúrgica, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, participou em uma cadeira de rodas e destacou que a violência contra mulheres indígenas permanece invisibilizada. “Elas continuam no anonimato e ainda nem estatística viraram”, lamentou.

A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, ressaltou que o enfrentamento à violência contra a mulher é uma luta histórica. A primeira-dama Janja também pediu medidas mais rígidas para combater o feminicídio.

Contexto nacional

A mobilização surge após uma série de crimes brutais. Em novembro, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas ao ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro. No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Cefet-RJ foram mortas por um servidor da instituição. Em Brasília, o corpo da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, foi encontrado carbonizado; o caso é tratado como feminicídio.

Segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero, 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica nos últimos 12 meses. Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídio — cerca de quatro por dia. Em 2025, já são mais de 1.180 casos registrados.

Situação no Amazonas

No Amazonas, os feminicídios cresceram 26% entre 2023 e 2024, conforme o Atlas da Violência 2025. Dados da SSP-AM mostram que, entre janeiro e agosto deste ano, o estado registrou 12 feminicídios, contra 19 no mesmo período do ano anterior.

Em Manaus, na sexta-feira (5), o Fórum Permanente de Mulheres do Amazonas realizou a Vigília por Justiça para Deusiane Pinheiro e Pelo Fim do Feminicídio. A soldada Deusiane foi assassinada em abril de 2015, e uma década depois os policiais envolvidos ainda não foram responsabilizados.

Com informações da Assessoria.

Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.