A rotina de trabalho no Tribunal do Júri é marcada por longas sessões, carga emocional intensa e contato direto com crimes contra a vida. Para organizar melhor esse fluxo e reduzir o desgaste físico e psicológico dos profissionais, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) instituiu um novo regramento para redistribuir as atividades internas entre os membros que atuam nessas unidades.
A mudança permite revezamento durante audiências e plenários, além da possibilidade de substituições em manifestações processuais quando necessário. O objetivo é equilibrar tarefas em comarcas de grande demanda e minimizar a sobrecarga típica do trabalho no Júri.
A alteração também considera a complexidade das sessões, que exigem domínio técnico, preparo emocional e presença física prolongada. Nessas condições, os membros lidam diariamente com depoimentos, perícias, confrontos argumentativos e decisões relacionadas a crimes de grande impacto social — fatores que tornam o ambiente especialmente desgastante e reforçam a necessidade de uma organização mais eficiente da rotina de trabalho.
Pressão emocional constante
Especialistas apontam que o ambiente do Tribunal do Júri exige atenção contínua à saúde mental dos profissionais. A psicóloga Mônica Maximino, ex-presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP–20 (AM/RR), explica que a exposição frequente a relatos e cenas de violência pode trazer impactos significativos.
“Profissionais que convivem diariamente com crimes contra a vida estão sujeitos a estresse crônico, burnout e ao trauma vicário, que altera a visão de mundo pela repetida exposição ao sofrimento humano”, destaca.
Segundo ela, são comuns sintomas como exaustão emocional, irritabilidade, dificuldade para dormir, somatizações e aumento da sensação de ameaça — quadro que pode se agravar sem políticas de cuidado específicas.
Apoio psicológico como estratégia permanente
Para Mônica, instituições que lidam com esse tipo de demanda devem investir de forma contínua em ações de saúde mental.
“É essencial oferecer psicoeducação, treinamento em inteligência emocional e um programa permanente de suporte psicológico para juízes, promotores e servidores”, afirma. “Essas práticas ajudam a prevenir o adoecimento e garantem um ambiente de trabalho mais saudável.”
O MPAM afirma que o regramento também leva em consideração o esforço físico e emocional exigido nas sessões plenárias, reforçando a necessidade de condições adequadas para o exercício das funções.
Com Informações do Ministério Público do Amazonas
Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus






